Policiais da 10ª DP da Penha são ouvidos pela CPI da Pirataria


15/09/2003 21:53

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Policial civil José Norberto dos Santos<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/hist/Jose Norberto150903.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Deputado Luís Antônio Medeiros (à esquerda) preside a CPI da Pirataria da Câmara Federal<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/hist/piratariaB150903.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Policial civil Jean Wagner Cabral<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/hist/jean150903.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a>

DA REDAÇÃO

Os policiais civis José Norberto dos Santos e Jean Wagner Cabral, enquanto prestavam depoimento à CPI da Pirataria da Câmara Federal, nesta segunda-feira, na Assembléia Legislativa de São Paulo, tiveram sua prisão preventiva decretada pela juíza Ivana Boriero. A detenção ocorreu durante acareação feita entre o policial Cabral e o delegado Ectore Capalmo Sobrinho, chefe do Serviço de Investigação Geral. Santos e Cabral saíram conduzidos por policiais militares, após anúncio do mandado de prisão feito pelo presidente da CPI, Luís Antônio Medeiros.

A CPI da Pirataria da Câmara Federal, presidida pelo deputado Luís Antônio Medeiros (PL/SP), ouviu na manhã desta segunda-feira, 15/9, o depoimento do policial civil chefe da 10ª DP, situada na Penha, José Norberto dos Santos, acusado de dar proteção ao contrabandista José Eleotério da Silva, conhecido por Lobão, preso por uso e tráfico de entorpecentes, furto, receptação de produtos roubados, contrabando, propina, dentre outros delitos.

Inquirido pelo relator da CPI, deputado Leonardo Piaccini (PMDB/RJ), o policial declarou que nunca tivera contato pessoal com Lobão, exceto por telefone, em dezembro de 2002, quando a filha do contrabandista foi raptada. "Não tinha noção da proporção do poder que o empresário Lobão exerce sobre a polícia. Não o conheço pessoalmente, pois tive com ele somente alguns poucos contatos telefônicos", declarou José Norberto, acrescentando que somente sabia que Lobão era empresário na área central da capital paulista e que seu último contato com ele se deu em 14 ou 15 de março deste ano.

Além de investigador da Polícia Civil, Norberto mantém negócios no mercado paralelo de venda e compra de carros na região Leste da capital, mas afirmou não conhecer pessoalmente nenhum policial do Detran, não tendo pedido qualquer favor escuso a nenhum deles.

Apesar de sua experiência enquanto policial civil - 16 anos -, Norberto acabou usando os serviços de motorista de um ex-presidiário, conhecido como Luciano Grao, para uma grande apreensão de drogas e eletrodomésticos na região do Brás. Segundo ele, "o Luciano apenas me prestou um favor pessoal".

Inquirido sobre o mau comportamento de um de seus subordinados, o policial civil Jean Wagner Cabral, acusado de extorquir dinheiro de Lobão para liberar cargas, o chefe do distrito declarou que "a palavra não é extorquir, mas sim devolução". E complementou: "É a devolução de certa quantia, que não sei precisar quanto, num caso em que o Jean estava envolvido e que o Lobão exigia a devolução".

Depois de alegar ter informações sigilosas a respeito do assunto, o policial Norberto foi ouvido reservadamente pelos deputados membros da CPI.

Em outro depoimento, o policial Jean Wagner Cabral disse ter recebido autorização do chefe Norberto para, em um sábado, fazer uma investigação -- apesar de não ser sua atribuição, já que ele é agente de polícia e não investigador -- na Lapa, portanto fora da região de sua DP. Durante a campana em um depósito, Jean disse ter recebido uma chamada do doutor Ectore, delegado da seccional a que pertence, em seu celular, mandando que ele saísse do local, o que logo comunicou ao seu chefe imediato.

Na segunda-feira, à tarde, recebera um envelope contendo três mil dólares, "um presente" mandado supostamente por Lobão, mas que foi devolvido naquela mesma tarde, em um encontro no Mercado Municipal. "Fui devolver o dinheiro, a mando de Norberto. O Lobão queria o nome do meu informante, mas eu não dei. Ao voltar à delegacia, comuniquei ao meu chefe", declarou, informando não ter sabido mais sobre o assunto, a não ser há 10 dias, quando foi veiculada matéria em rede de televisão.

Depoentes presos durante acareação

Os policiais José Norberto dos Santos e Jean Wagner Cabral tiveram prisão preventiva decretada pela juíza Ivana Boriero, e saíram conduzidos por policiais militares, após o anúncio feito pelo presidente da CPI, Antônio Medeiros.

A detenção ocorreu durante acareação feita entre o policial Cabral e o delegado Ectore Capalmo Sobrinho, chefe do Serviço de Investigação Geral, que negou todas as afirmações feitas pelos depoentes do período da manhã.

O delegado afirmou que nunca manteve contato telefônico com os policiais Norberto e Jean Cabral e que se limitou a cumprir ordens superiores de Aldo Galiano. "Recebi telefonema do delegado da Seccional, Armando Nuddi, comunicando a presença de policiais da Penha em trabalho de campana de contrabando", disse o delegado, afirmando que comunicou a seu superior Aldo, e que a pedido deste avisou Mário Carvalho, chefe da Seccional Leste, sobre a presença dos policiais.

O delegado Armando Nuddi também prestou depoimento e disse que foi ao prédio onde trabalha checar um vazamento no sábado em que telefonou a Ectore. "Nesse dia, recebi uma denúncia anônima de um cidadão, que dizia ser policial militar, sobre a presença de policiais do DP da Penha num 'serviço de contrabando' na Lapa e informei ao delegado da SIG."

Em seguida, Armando foi retirado da sala para que houvesse a acareação entre Ectore e Jean. Os dois mantiveram o depoimento dado anteriormente. Quando Norberto foi chamado para a acareação, ele e Jean foram informados de sua prisão temporária.

Segundo o deputado federal Wagner Rubinelli (PT), a detenção ocorreu porque o Ministério Público de São Paulo e a Justiça paulista colheram informações suficientes para que a prisão temporária fosse decretada, de forma que as investigações futuras não sejam prejudicadas. "Essas duas instâncias têm realizado um excelente trabalho."

A CPI prossegue com os trabalhos na Assembléia até o dia 17/9. Nesta terça-feira, 16/9, estão convocados para depor os policiais Ivan Raimundi e Nicola Romanini.

alesp