Fui o primeiro a alertar sobre o PCC

OPINIÃO - Afanasio Jazadji*
21/03/2003 15:20

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A situação de impotência da sociedade e dos governos diante do incrível crescimento da violência no País provoca medo. Assim como estourou uma guerra lá fora, matando inúmeros inocentes no Oriente Médio, temos uma verdadeira guerra aqui dentro: a cada ano, milhares de brasileiros morrem nas mãos de bandidos. A recente execução do juiz Antônio José Machado Dias, em Presidente Prudente, chocou todo o Brasil e mostrou o nível real da ousadia e da brutalidade que afetam até mesmo o Poder Judiciário. Ninguém é dono da verdade, mas não posso silenciar diante da certeza de que fui o primeiro a alertar as autoridades, já em 1997, sobre esses riscos e o surgimento da facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC). Em seis anos, multiplicou-se a violência.

Como deputado estadual, presidi a CPI que investigou o avanço do crime organizado no Estado de São Paulo, de 1995 a 1999. Então, graças a informações sigilosas, fiquei sabendo da existência do PCC, que já começava a atormentar os presídios paulistas. Denunciei tudo ao Governo do Estado e até publiquei no Diário Oficial o estatuto do PCC, mas nada foi feito pelos assessores do governador Mário Covas. Eles simplesmente fizeram pouco das descobertas.

O secretário da Administração Penitenciária do primeiro mandato de Covas, João Benedicto de Azevedo Marques, ao receber meu relatório, não deu a mínima importância: respondeu que estava "tudo sob controle". Naquela época, quando houve uma rebelião no presídio de Sorocaba e os presos mostraram a bandeira do PCC, o secretário justificou que era bandeira de escola de samba. Deixaram o PCC crescer, a ponto de essa facção liderar um motim simultâneo em quase 30 cadeias paulistas, em 18 de fevereiro de 2001.

*Afanasio Jazadji é radialista, advogado e deputado estadual pelo PFL

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