A desenfreada fantasia de Jacques Mail evidencia toda a energia de seu mundo interior

Emanuel von Lauenstein Massarani
28/06/2004 14:00

Compartilhar:

Jacques Mail<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/hist/Jacques.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Obra Sem Título nº 21A<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/hist/Jacque_obra.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a>

A magia de Jacques Mail está na cor. Seu traço plástico está diretamente coligado à intensidade cromática, às vezes suave, outras vezes tímbrica, alegrando os sentidos. Com ênfase, a cor se casa com seus temas e àquela infinita possibilidade de jogar em todas as direções o léxico individual que instrumentaliza o meio pictórico para fins poéticos expressivos.

Esse pintor busca uma imagem complexa, que se expande em seus termos construtivos, concentrando-se sobre si mesma e dobrando-se até adquirir a substância de símbolo alegórico, de traçado emblemático, comunicante e expressivo, capaz de estabelecer um elo entre o autor e o observador numa manifestação adjetiva, subjetiva e sintética.

Nessa simulação de imagens, em torno da fantasia desenfreada de Jacques Mail, está evidente toda a energia de um mundo interior que oferece respostas metafóricas captadas e transmitidas como dados de fato.

A própria natureza do artista sempre teve em conta os valores de sua realidade inconsciente. Essa reserva de imagens isoladas denuncia uma presença efetiva do espírito do homem, modo pelo qual Jacques Mail diversifica com assiduidade.

Transmitidas através de uma sensibilidade peculiar, suas obras se qualificam como um gesto espontâneo de participação ao ambiente e à vida. Elas nos transmitem a impressão de uma criação contínua, ao mesmo tempo de grande vigor. Cada uma representa a conclusão de um longo trabalho interior a serviço do qual as cores foram privilegiadas de longa data, por um artista que conquistou um bom domínio em sua arte.

Na obra "Sem Título nº 21A", doada ao Acervo Artístico do Palácio 9 de Julho, Jacques Mail revela ser um pintor do sonho e do infinito que, ao lado de uma técnica pessoal, permite às cores interferirem entre si como numa aquarela, o que proporciona maravilhosos efeitos de transparência.

O Artista

Jacques Mail, pseudônimo artístico de Jacques André Maillefaud, nasceu em Paris, em 1932. Ingressou na Escola de Belas Artes na capital francesa em 1946 formando-se em arquitetura em 1950. Estudou pintura a partir de 1948 no atelier de André Lhote e escultura com Olav Zadkine. Em 1951 juntou-se com o grupo formado por Nallard, Nathalie Dimitrienko, Georges Ladrey, Gillioli e Serge Poliakof.

Ao participar da Bienal de Deauville (França, em 1958, recebeu o primeiro prêmio de composição e o segundo prêmio de natureza morta. Em 1959, abandonou o figurativo e entrou no movimento surrealista, executando gravuras e ilustrações. Mudou-se para o Brasil, fixando-se em São Paulo naquele mesmo ano, quando participou da Bienal Paulista com obras Abstratas. Entre 1985 e 1990 deixou de expor, dedicando-se à decoração e a colecionadores.

Participou ainda das seguintes exposições: Petite Galerie, São Paulo e Petite Galerie, Rio de Janeiro (1960), Galerie Garcin, Die, França, Galerie Pierre Benayon, Grenoble, França (1971), Galerie Bernheim Jeune, Paris (1977); Galerie Soleil, São Paulo e Rio de Janeiro (1980); Galeria S.F.S.C. Paulista (1991); Galeria 200, São Paulo (2004). Em 1994, participou de exposição coletiva na Bienal de São Paulo com Manabu Mabe, Cláudio Tosi, Ianelli, Fukushima e Tomie Ohtake.

Possui obras nos acervos da Dan Galeria, Artes Aplicadas e na Galeria Spazio Surreale, São Paulo.

alesp