Os deputados que participaram da reunião da CPI da Cana-de-Açúcar, que aconteceu na manhã desta segunda-feira, 26/11, na Câmara Municipal de Ribeirão Preto, consideraram a reunião como positiva, surpreendente e alarmante. Participaram da reunião, o presidente do órgão, Rafael Silva (PDT), o vice-presidente, Fernando Capez (PSDB), a relatora Vanesa Damo (PV), o relator especial Uebe Rezeck (PMDB) e as deputadas Darcy Vera (DEM) e Célia Leão (PSDB).Os deputados convidaram para a reunião ambientalistas, militares e autoridades de diferentes segmentos. O primeiro a ser ouvido foi o engenheiro Marco Antonio Sanches Artuzo, gerente da agência ambiental da CETESB em Ribeirão Preto, que afirmou a necessidade real da redução do prazo para a eliminação final das queimadas.A irmã Maria Inês Facioli, coordenadora regional da Pastoral do Migrante, apresentou números e estatísticas alarmantes, que causaram indignação aos parlamentares. "Foi um depoimento muito rico. Recebemos informações importantes em relação aos problemas criados pela queima da palha da cana-de-açúcar. Chegamos à conclusão de que, quando um ônibus não serve para mais nada, é utilizado para transportar os trabalhadores rurais", comentou a deputada Darcy Vera.O ambientalista Manuel Eduardo Tavares Ferreira, presidente da Associação Cultural e Ecológica Pau Brasil, entregou um dossiê aos parlamentares onde apresenta fortes argumentos sobre os problemas causados ao meio ambiente. Para a deputada Célia Leão, "ser empresário e ter lucro não é crime. Crime é o que fazem com os tralhadores rurais e com o meio ambiente. Os depoimentos em Ribeirão Preto nos causaram indignação".O representante da Procuradoria Regional do Trabalho, Charles Lustosa Silvestre, falou da atuação do órgão em grande parte do interior do Estado, buscando apurar as denúncias e punir os responsáveis que descumprem as legislações vigentes.O promotor de justiça da Regional do Meio Ambiente, Marcelo Pedroso Goulart, que atua há vários anos no combate aos crimes ambientais, mostrou aos parlamentares a necessidade de se cumprir o que já existe de positivo e criar novos mecanismos que coíbam ações que causem danos ao meio ambiente.Fernando Capez declarou estar convencido da necessidade de se eliminar a queima da palha da cana-de-açúcar, e de que a CPI conseguirá atingir esse objetivo. "Nós iremos acabar com esse crime", declarou.Os comandantes do Corpo de Bombeiros na região de Ribeirão Preto, capitão PM Cassio Augusto Amaral, e da Polícia Ambiental, capitão PM Luis Gustavo Biagioni, apresentaram aos parlamentares as atividades que são realizadas pelas corporações. Eles também vão enviar à presidência do órgão estatísticas de ocorrências e um relatório da estrutura que possuem para atuar nas cidades da região.A relatora da CPI, Vanessa Damo, afirmou que a participação de diferentes segmentos da sociedade permitiu a obtenção de muitas informações, ampliando o conhecimento sobre o tema. "Tenho certeza de que a CPI oferecerá bons frutos." O delegado regional do Trabalho em Ribeirão Preto, Paulo Cristino da SIlva, também colaborou com a CPI apresentando a forma de atuação do órgão que representa na cidade e a maneira como procura auxiliar os trabalhadores rurais que são prejudicados no corte da cana-de-açúcar.O depoimento do médico pneumologista e professor titular da Faculdade de Medicina da USP de Ribeirão Preto, José Carlos Manço, atraiu a atenção pela riqueza de informações. Ele falou dos prejuizos causados para a saúde de quem vive em regiões onde existe a queima da palha da cana-de-açúcar. O relator especial da CPI, deputado Uebe Rezeck, falou da disposição dos integrantes do órgão de investigação da Assembléia. "A pressão que sofremos é muito grande, mas estamos de um lado, o lado de quem defende uma qualidade de vida digna".O prefeito de Tambáu, Antonio Agassi, último depoente da reunião em Ribeirão Preto, alertou os parlamentares para vários problemas, entre eles o desgaste das vias causados pelos treminhões. "Os usineiros ganham dinheiro, mas alguns municípíos, como Tambaú, ficam só com os prejuízos. O relatório final da CPI pode fazer com que isso mude".Na avaliação do presidente da CPI, Rafael Silva, a reunião realizada em Ribeirão Preto "mostrou que não temos receio de ameaças e muito menos da força financeira de grandes grupos. É só com coragem que parlamentares enfrentam um problema tão sério como a queima da palha da cana-de-açúcar". Para ele, a comissão tem seriedade, determinação e ética, e está determinada a lutar em benefício da população e do meio ambiente. "Nossa CPI vai mudar um quadro caótico e deixará sua marca registrada na Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo".