A necessidade da terceira via

Opinião
20/02/2006 20:07

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Romeu Tuma <a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/03-2008/RomeuTumaJr.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a>

Neste ano de eleições majoritárias no Brasil, quando o povo vai às urnas para escolher novos governadores e o presidente que comandará o país nos próximos quatro anos, além dos legisladores nos Estados e na Federação, uma anomalia " mais comum nos tempos da ditadura militar " parece querer se repetir. Está em vias de consolidação, a polarização das eleições do Executivo entre dois partidos. Em vez de Arena e MDB, agora é a vez de PT e PSDB. Um contexto que reduz as demais agremiações políticas em meras moedas de troca e menospreza a importância histórica e política de siglas como PMDB, PFL, PDT e PTB. Vale ressaltar também que faz tempo que a ditadura acabou e agora vivemos em um sistema pluripartidário.

Não é possível admitir que essas legendas aceitem a condição de figurantes nesse importante jogo político. Ainda mais que tanto petistas como tucanos vêm seguindo a mesma cartilha, a partir de uma política neoliberal, que não privilegia o crescimento econômico do país sob o argumento do controle da inflação.

Com a aprovação do fim da verticalização nestas eleições, quando as realidades regionais poderão finalmente ser respeitadas, sem a imposição de coligações nacionais, em que as decisões vinham de cima para baixo, os partidos precisam fazer prevalecer suas ideologias, a fim de preservar os princípios democráticos. As alianças, apesar de muito importantes e necessárias em muitos casos, devem ocorrer em um momento posterior. A figura do segundo turno existe para que haja a convergência de idéias em torno dos dois nomes preferidos pela população.

Nesta fase de definição das candidaturas, o debate político que cerca os principais partidos deveria girar em torno de propostas, que criem condições de melhorar efetivamente a vida da população. Nada de projetos populistas, elaborados em grandes agências de publicidade pelos marqueteiros de plantão.

É o momento de planos viáveis que garantam o crescimento sustentável do país.

Estamos na fase de viabilização das candidaturas próprias. Instante em que os partidos de verdade, não os de aluguel que servem apenas como trampolins, apresentem suas propostas concretas para o país. É hora de todos mostrarem suas caras. Sobre estes projetos políticos devem girar os debates. Não podemos permitir que siglas consagradas como o PMDB, tão importante para a consolidação do processo democrático no país, assumam papéis de coadjuvantes.

Estabelecer uma terceira, quarta ou até uma quinta via é dar aos eleitores opções efetivas para mudanças. Admitir a polarização entre PT e PSDB, neste momento, é aceitar um processo de continuísmo político, sem ao menos dar aos eleitores a possibilidade de poder participar de um debate sadio, que envolva toda a sociedade. É o mesmo que ir às urnas com o jogo definido, pois as cartas estão marcadas. O resultado é previsível e a fórmula não é boa para o Brasil.



* Romeu Tuma é delegado de Classe Especial da Polícia Civil, deputado estadual (PMDB), ex-presidente e atual integrante da Comissão de Segurança Pública, presidente da Comissão de Defesa dos Direitos do Consumidor e Corregedor da Assembléia Legislativa de São Paulo

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