Entre a sátira e a elegia, João Gammaro narra através do desenho suas emoções interiores

Emanuel von Lauenstein Massarani
01/07/2004 14:00

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João Gammaro <a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/hist/Joao Gamarro.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Obra Espanto<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/hist/Joao Gamarro Espanto.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a>

Através do desenho a nanquim, João Gammaro iniciou há tempos uma exploração sobre as sombras que existem em cada um de nós. Trata-se de uma rara coerência em nossos dias, em que os modismos se sucedem. Esse artista demonstra estar pronto a advertir cada tremor, cada pulsação, cada medo, a fim de apagar os momentos que nos envergonhamos, para que amanhã nos lembremos que poderíamos ter dito e calamos, que poderíamos ter gritado e sussurramos, que poderíamos amar e odiamos.

Escondido atrás de sua timidez está o caráter artístico, preeminente e distinto, da personalidade de João Gammaro. Nela encontramos a relação estabelecida pelo artista entre a observação do mundo objetivo do homem e seu ambiente, as particulares reações e transformações assumidas após uma intervenção emotiva e fantástica.

Possuindo o dom de narrador, seus contos atingem o objetivo de seus desenhos. A realidade alcança uma zona encantada, próxima do reino da magia e do sonho, onde as imagens adquirem força através dos contornos e do conteúdo. Nada exclui, todavia, o comentário do objeto em foco no mesmo instante em que o artista o evoca.

Às vezes com humor, outras vezes com fantasiosa dramaticidade, João Gammaro penetra com élan, sem indecisão, nesse mundo evocado com a magia própria de um conto inventado. Com uma perfeita segurança técnica, o artista exalta seus traços, obtendo algumas imagens grotescas, nada majestosas ou tenebrosas. Elas criam um clima de tensão onde se sobressai uma veia irônica e onde o humor que contribui a produzi-la a possui e a domina.

"Espanto", obra doada por João Gammaro ao Acervo Artístico da Assembléia Legislativa, representa bem o espírito do artista. Sátira ou elegia? Em suas linhas essenciais, movimentadas, se configuram forças que exprimem uma forte agitação interior concebida como trunfo da dignidade humana.

O Artista

João Gammaro, pseudônimo artístico de João Batista Ramos Gammaro, nasceu em 1961, em São Paulo. Formou-se em Comunicação Social, com habilitação em publicidade e propaganda pelo Instituto Metodista de Ensino Superior de São Bernardo do Campo (1987).

Incentivado pelas professoras primárias que previam suas qualidades artísticas, desenha desde criança. A partir de 1978 passou a se dedicar às artes de forma sistemática no atelier que criou em sua própria residência.

Participou de diversas exposições coletivas e realizou mostras individuais na Oficina Cultural Amancio Mazzarópi, no Brás (1997); Espaço Cultural do Esporte Clube Pinheiros (1994); e no Espaço Cultural da Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo em (1989).

Suas obras encontram-se em diversas coleções particulares e no Acervo Artístico do Palácio 9 de Julho.

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