A destinação do lixo nos grandes centros urbanos, tema da palestra realizada nesta quarta-feira, 10/10, na Assembléia Legislativa, pode deixar de ser considerada problema e passar a ser fonte de energia elétrica e produção de água de reuso. Essa proposta, apresentada pelo norte-americano Walter Shumacker, presidente da Britney Ltda " Flórida, durante a palestra, contou com a presença de autoridades ligadas ao meio ambiente. Acompanhado do presidente do Tribunal de Justiça, Celso Luiz Limongi, do secretário estadual da Habitação, Lair Krähenbühl, e dos deputados Campos Machado e Roque Barbiere, ambos do PTB, o presidente em exercício da Assembléia Legislativa, Waldir Agnello, afirmou na abertura dos trabalhos que "as muitas toneladas de lixo produzidas todos os dias têm a nossa contribuição, por isso é importante que participemos na resolução dessa questão. É um problema de todos nós", concluiu.Limongi disse que o Judiciário se preocupa também com a questão do meio ambiente. Segundo ele, o TJ de São Paulo foi o primeiro a criar uma Câmara Especializada do Meio Ambiente, que julga em 2ª instância questões afetas ao tema, o que fornece aos juízes jurisprudências mais precisas."A vida é o maior dos nossos bens", frisou Campos Machado, elogiando seu colega de partido, Roque Barbiere, por ter idealizado o evento. Machado afirmou que "não dá mais para fingir que esse problema não é conosco". Roque afirmou que a proposta de transformar o lixo em energia elétrica a custo zero, num processo que ainda fornece água potável lhe chamou a atenção. Ele conclamou os participantes a questionarem sobre a inovação tecnológica apresentada. Já o presidente do PTB Ambiental, Pinheiro Pedro, alertou que "ter lealdade à causa ambiental, é ter lealdade à própria vida". Ele afirma que o lixo produzido por São Paulo "seria suficiente para encher dez estádios como o Pacaembu", sendo urgente "racionalizar, cambiar e reduzir" o lixo das grandes cidades.A inovação tecnológicaA proposta apresentada por Walter Shumacker foi implantada inicialmente na Suécia, que aproveitou o calor provocado pela incineração para, por via tubular, aquecer as casas no inverno. Walter afirmou que o processo foi sendo aprimorado, de mero aquecimento passou-se a gerar energia. Em 2001, a empresa Naanovo comprou a empresa sueca responsável pelo processo de geração de energia, patenteou o invento e tem levado a proposta a várias partes do mundo.As vantagens do processo, segundo Walter, são muitas, pois a emissão de gases é baixíssima e trata quase de todos os tipos de resíduos. "O custo é zero porque se trata de lixo, é possível gerar sete milhões de watts de eletricidade por hora e 912 litros de água pura por dia. O lixo que é levado ao processador de energia por meio de caminhões, não causa odor nem toxicidade ao entorno. É uma máquina amigável ao meio ambiente", afirmou o palestrante.Walter explicou ainda que não há interrupção no fornecimento de energia nem mesmo quando se faz a manutenção anual na máquina, pois outras substituem a que se encontra em limpeza. Por fim, o americano disse que em outros locais, há uma cobrança pelo serviço, mas que São Paulo, pelo montante de lixo produzido, seria possível realizá-lo a custo zero, apenas com a garantia por parte da Prefeitura do fornecimento do lixo.Também estiveram presentes no seminário o secretário municipal de Serviços de São Paulo, Dimas Ramalho e secretários de outros municípios de pastas afins ao meio ambiente.