Paulino Lazur: memórias transfiguradas constituídas de elementos simbólicos

Museu de Arte do Parlamento de São Paulo
30/10/2006 16:57

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Paulino Torrubia Lazur<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/03-2008/M-PaulinoTLazur.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> <i>Passante</i><a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/03-2008/M-PaulinoTLazurPassante.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a>

Os quadros de Paulino Torrubia Lazur representam uma paleta rica de cores, paisagens imaginárias mais próximas da abstração que da pintura figurativa. O artista encontra sua inspiração nas novas técnicas de imagem, mesmo guardando o espírito suficientemente aberto para poder se encantar com o amanhecer.

Seu otimismo nos faz lembrar que a arte existe também para celebrar a beleza do mundo. Ele cria espaços que existem inicialmente no seu subconsciente. Suas obras são, antes de tudo, uma expressão do espaço.

Elas se assemelham a memórias transfiguradas, onde a lembrança de uma imagem vista e admirada, degustada lentamente, se dilui numa espécie de saudosa dissolvência na qual intervêm e se fundem em transparência as motivações reais. Esse procedimento rememorativo se vale de sutis atmosferas permeadas de luzes quentes e tem, como contraponto, elementos simbólicos de longínquas origens sentimentais, em parte literárias, em parte étnicas.

O artista não esquece a lição dos simbolistas franceses, que da poesia de Mallarmé ("sempre aludir, nunca revelar completamente as coisas") à pintura de Olivier Redon (onírica e sonhada) alcança certos êxitos bem atuais, onde a transposição da linguagem, em chave alusiva, é procedimento habitual.

Por outro lado, seria lícito falar também de um valioso componente, sua origem espanhola e, mais precisamente, catalã, para explicar uma declinação bem própria na interpretação dos dados naturais. Trata-se de uma maneira de envolver o tema num "clima" liricamente suspenso. Aqui também os suportes alcançam um amplo raio de ação. Bastaria citar o fascínio que sempre suscitou a pintura sobre os espanhóis, perfeitamente consentânea com o temperamento desse povo, a exemplo de Dali, Picasso e tantos outros.

Na obra Passante, doada ao Museu de Arte do Parlamento de São Paulo, Lazur encontrou expressões técnicas e construtivas de nova estruturação e idealização. Num clima de abertura ideal, digno de um artista maduro e de sólidas bases, Lazur soube ainda encontrar soluções à sua inspiração plástica de forte contraste cromático.

O artista

Paulino Torrubia Lazur nasceu em Barcelona, Espanha, em 1949. Escultor, pintor e desenhista, mudou-se com a família para o Brasil em 1955, fixando residência em São Paulo, e posteriormente em Guarulhos, onde mantém seu ateliê. Formou-se pela Faculdade de Belas Artes de São Paulo em 1979. Herdou de seu pai, artesão, a intimidade e a sensibilidade no trato da madeira, matéria-prima constante em suas criações.

Desde 1977, tem realizado diversas exposições individuais e coletivas em São Paulo e em inúmeras outras cidades brasileiras. Recebeu várias premiações, entre elas no 1º e 2º Salão de Artes Plásticas da Grande São Paulo, em 1985 e 1986, promovidos pela Secretaria de Estado da Cultura.

Em 1995, Lazur ganhou um prêmio de viagem ao exterior para participar da mostra "México-Brasil e Cuba", realizada em Havana. Nesse mesmo ano, participou no exterior de várias mostras coletivas, em Amsterdã, Barcelona e Havana, além de ganhar os concursos "Projeto Phillips" e "Revista Veja", promovidos pela empresa Meta 29, realizando um Mural no Aeroporto Internacional de São Paulo, em Cumbica, e outro no Aeroporto Santos Dumont, no Rio de Janeiro.

Em 1997, Paulino Lazur criou a escultura do prêmio "Carro do Ano", oferecido pela revista Motor Show, da Editora Três, que é distribuído anualmente. Em 2000, realizou para a mesma editora a escultura do Prêmio "Gente de Expressão", oferecido pelas revistas IstoÉ, IstoÉ Gente e Dinheiro.

Em 2001, Lazur foi convidado a participar com trabalhos de escultura em duas importantes mostras em São Paulo: "Arte Hoje", inaugurando a Galeria Arvani Arte, e "4 Décadas", coletiva de reinauguração da Nova André Galeria de Arte & Cultura, participando posteriormente, em 2002, da exposição de pinturas "Abstratos", sob a curadoria de Carlos von Schmidt. No mesmo ano, integrou a coletiva dos "16 Anos", da Almacén Galeria, no Rio de Janeiro. Em 2003, participou como artista convidado da exposição inaugural da Diretriz Arte Contemporânea.

Suas obras fazem parte de diversos acervos de São Paulo e do país e de diversos espaços e instituições culturais, entre elas o Instituto Takano de Cultura, o Instituto Cultural Yázigi Internexus, o Museu de Arte Moderna da Bahia, de Salvador, e Museu de Arte Contemporânea de Americana, SP, além de importantes galerias de arte. Atualmente, Lazur dedica-se à pesquisa de objetos bidimensionais e tridimensionais na criação dos chamados "objetos-arte".

alesp