Seminário discute expansão do ensino superior em São Paulo

(Com Fotos)
17/06/2002 20:50

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Estudantes assistem ao seminário no auditório Franco Montoro<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/hist/SES17jun02D.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Samanta Neves, Sueli Mendonça, Cesar Callegari, Cláudio Gomide e Otaviano Helene<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/hist/SES17jun02C.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a>

Da Redação

O Fórum das Seis, que congrega entidades representativas de professores e funcionários da USP, da Unicamp, da Unesp e do Centro Paula Souza, promoveu nesta segunda-feira, 17/6, na Assembléia Legislativa, seminário sobre a expansão do ensino superior no Estado de São Paulo. O deputado Cesar Callegari (PSB), um dos promotores do encontro, Sueli Mendonça, representante do Fórum das Seis e professora da Unesp, Cláudio Gomide, do Conselho Estadual de Educação, e Otaviano Heleno, professor de Física da USP, e Samanta Neves, do DCE da USP, compuseram a mesa de debates.

Sueli Mendonça mediou o debate situando o objetivo do seminário, que é avaliar as propostas existentes de expansão do ensino superior no Estado. Segundo ela, o modelo de expansão que vem sendo apresentado pelo governo vai na direção oposta da efetivação do ensino de qualidade. A mesma preocupação foi compartilhada pelo deputado Cesar Callegari, que fez uma retrospectiva dos debates realizados na Assembléia sobre esse assunto. Callegari lembrou que foram realizados no ano passado encontros com reitores, representantes do Fórum das Seis, parlamentares, estudantes e uma audiência pública para discutir o tema, que resultaram na criação de uma comissão parlamentar encarregada de estudar a formulação de um anteprojeto. No entanto, diz Callegari, houve surpresas quando o governo anunciou a criação de 120 mil novas vagas, sendo estas de cursos pós médios, e não de cursos de ensino superior, e quando, por ocasião da votação do orçamento 2002, deputados governistas apresentaram emendas que retiravam recursos da USP e da Unicamp para direcioná-los à criação de novos campi da Unesp em algumas cidades paulistas. "Fomos surpreendidos com essa proposta inusitada, uma vez que não havia relação com o que fora discutido na Assembléia."

Callegari apontou três preocupações básicas com a expansão de vagas do ensino superior. Primeiro, com as reais condições de manutenção dos novos cursos e com os riscos de descontinuidade, que podem vir a contaminar as estruturas preexistentes. A segunda preocupação é que essa expansão seja conduzida sem que haja uma discussão interna nas universidades, colocando em questão a autonomia universitária. E, finalmente, que a criação de novas vagas seja conduzida sem o necessário aprimoramento do desenvolvimento da pesquisa.

Segundo Callegari, pesquisa e ensino são indissociáveis num projeto de expansão. Entretanto, diz ele, "a estruturação de uma base de pesquisa não está suficientemente dada no projeto de expansão universitária proposto. A expansão não pode ser uma ameaça à sobrevivência das instituições hoje existentes.

O professor Cláudio Gomide avalia que a expansão do sistema não se faz sem planejamento, e que a oportunidade que isso ocorra está próxima, já que ensejada pela elaboração do Plano Estadual de Educação.

O representante da Associação dos Docentes da USP, Otaviano Helene, apresentou dados sobre o acesso universitário no país. "No Brasil, a cada 100 jovens apenas 13 se matriculam na universidade. No Estado de São Paulo, o número sobre para 18."

Segundo Helene, esses percentuais são extremamente baixos se comparados a países vizinhos como Argentina, Chile e México entre outros, onde os índices são o dobro dos brasileiros.

"Outro problema é a qualidade do ensino brasileiro, pois a quantidade de alunos com excelente desempenho no Brasil é menor do que nesses países. Ou seja, além de desigual o ensino é ruim", concluiu Helene.

Foi lançada ao final da reunião a campanha SOS Universidade Pública, em defesa do ensino público e gratuito. O seminário prossegue nesta terça-feira, 18/6, a partir das 9 horas.

alesp