Autêntico primitivo, Otaciano imprime a suas esculturas sentimentos míticos

Museu de Arte do Parlamento de São Paulo
06/09/2006 19:24

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Otaciano Alves dos Santos<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/03-2008/OTACIANO .jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Moisés<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/03-2008/Otaciano Moises.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a>

A extrema facilidade com a qual Otaciano se exprime esculpindo ou entalhando a madeira, satisfazendo uma sua exigência "de criar com segurança na humildade", deve-se, provavelmente, à intensidade com a qual sabe olhar no fundo de seu espírito primitivo sem se deixar arrastar aos entusiastas apelos e efeitos clássicos.



O artista possui uma riqueza de sentidos que pode orientar os personagens de suas esculturas para onde desejar, mas não se submetendo a condicionamentos virtuosísticos, que não são de sua índole, nem de sua natureza. A autenticidade de como o artista se exprime está envolvida, portanto, com sentimentos heróicos e míticos, a que sempre acreditou de maneira irreversível.



Otaciano não se serve de modelos históricos ou de esquemas contidos em exemplares arqueológicos. Trata-se indubitavelmente de uma observação frente aos arquétipos, uma individualização dos elementos puros, uma observância dos cânones tradicionais, as quais ele tende a desgastar, incidir e gravar na matéria bruta até obter formas reais, figuras humanas, acrescentando-lhes um hálito de espiritualidade.

Em certas obras, a fisionomia de seus personagens supera a dramaticidade ou a postura pacífica, para alcançar uma solução irônica, quase crítica ou grotesca. Uma inconsciente raiz surrealista aparece ao fundo do processo criativo, do qual adquire força e se desenvolve a singular fantasia desse artista autenticamente primitivo.



A obra Moisés, Patrono do Legislativo, doada ao Museu de Arte do Parlamento de São Paulo, reflete a perspicácia do artista, numa clara e evidente alusão às primeiras leis introduzidas pelo profeta através das tábuas que trouxera ao descer do Monte Sinai.



O artista



Escultor autodidata e poeta, Otaciano Alves dos Santos nasceu em Valparaíso, no Estado de São Paulo, em 1932. Seu primeiro trabalho foi realizado em 1944. Mudou-se para Pereira Barreto em 1962. Exercera anteriormente as funções de ajudante de tropeiro, retireiro, condutor de boi, carreiro e carpinteiro. Dotado de uma habilidade invejável, esculpiu cerca de uma centena de obras ao longo de sua vida, trabalhando com tipos de madeira os mais variados. Faz parte da Academia de Letras de Pereira Barreto.

Participou de inúmeras exposições, destacando-se entre elas: 1ª Fiap, Pereira Barreto, SP (1973); 1ª ExpoArtes Ilha Solteira, SP (1974); 1ª Expinte Andradina, SP (1975); Casa Cultura de Araçatuba, SP (1976); Nacional da Alta Noroeste, Penápolis, SP (1980); Arte na Praça, Penápolis, SP (1982); 2º e 5º Salão de Matão, SP (1984 e 1987); Espaço Cultural do Banco do Brasil, Pereira Barreto, SP (1988, 2002 e 2003); Espaço Cultural da Caixa Econômica Federal, Pereira Barreto, SP (1989); 1ª e 2ª EXAV, Vinhedo, SP (1994 e 1995); Bienal de Santos, SP (1994); Mapa Cultural Pereira Barreto, SP (1998, 1999 e 2000); 1ª Mostra Brasil; 1ª Mostra AIBA; "Festas Juninas", Ilha Solteira; e "Primaveril", Pereira Barreto (2003).

Recebeu diversos prêmios ao longo de sua carreira, destacando-se entre eles: Medalha de Bronze no Salão Nacional, Penápolis, SP (1980); e Medalha de Ouro no 1º EXAV, Vinhedo, SP (1994). Possui obras em diversas coleções, entre elas a do Museu de Arte do Parlamento de São Paulo.

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