Deputada quer que Ministério Público investigue acidente no Porto de Santos


09/01/2004 16:07

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Da assessoria da deputada Maria Lúcia Prandi

A deputada estadual Maria Lúcia Prandi (PT) está acionando o Ministério Público Federal e a Promotoria Pública Estadual. O objetivo da parlamentar é que os órgãos participem das investigações sobre o acidente que matou o operário Luiz Lima da Silva, que trabalhava na demolição do Armazém XX, do Terminal da Cosan no Porto de Santos. Lima morreu quando uma das paredes desabou, enquanto ele e outros dois trabalhadores, que sofreram ferimentos, retiravam o madeiramento do telhado.

"Lamentavelmente, mais uma vida foi ceifada. Além da Polícia Civil e da Delegacia Regional do Trabalho, acho fundamental a participação do MP nas investigações. É preciso que todas as circunstâncias sejam apuradas, para que uma situação assim não volte a se repetir", afirma a deputada. Para a parlamentar, é inaceitável que o corpo de engenheiros das empreiteiras responsáveis pela obra não tenha detectado falhas estruturais, como rachaduras, que possam ter contribuído para o desabamento.

O Armazém XX integra a área sob concessão do Terminal Portuário Cosan. A empresa contratou os serviços da empreiteira Lema Exemont Engenharia para demolir a edificação, construída há cerca de 50 anos, e construir um novo armazém, que terá a capacidade de estocagem elevada de 20 mil para 50 mil toneladas. Já a Lema Exemont sublocou funcionários de uma outra empreiteira, a RR Estruturas Metálicas, para quem trabalhavam o operário morto e os dois que ficaram feridos.

Com 27 anos de idade, Luiz Lima da Silva estava havia um mês na empresa, era solteiro, natural do Piauí e residia no Guarujá. "Esses trabalhadores estavam com os equipamentos de segurança necessários? Havia escoras para sustentar as paredes e o telhado, enquanto partes dessas estruturas eram demolidas? No local, estavam apenas os operários ou técnicos responsáveis também acompanhavam o serviço? As famílias das vítimas estão recebendo o amparo necessário?", questiona Maria Lúcia.

Outras ocorrências

Não é a primeira vez que um acidente de grandes proporções ocorrem na área concedida à Cosan no Porto de Santos. Em junho de 1999, três operários morreram e quatro ficaram feridos, durante a construção do novo Armazém V, no terminal açucareiro da empresa. Eles trabalhavam na montagem da estrutura metálica do telhado, que subitamente ruiu. Uma das 11 vigas de apoio teria cedido, levando abaixo toda ferragem.

Quase dois meses depois, um incêndio destruiu totalmente o Armazém XV, também arrendado à mesma operadora. Quando as chamas começaram, 15 pessoas estavam no local, mas conseguiram escapar sem ferimentos. Cerca de 18 mil toneladas de açúcar cristal foram destruídas e os equipamentos do armazém viraram sucata. O fogo só foi controlado após oito horas de trabalho dos bombeiros, que contaram com apoio de caminhões pipa da Sabesp e da lancha Governador Fleury, que bombeava água do estuário.

mlprandi@al.sp.gov.br

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