As obras de Odetto Guersoni alcançam alto grau de esteticidade, apresentam-se completas na forma e revelam uma preparação de base, uma madura meditação que abre as possibilidades de invenção do processo tecnológico aplicado à arte. Com essas premissas, o artista se qualifica ao interior do mundo da arte e realiza uma produção de excelente qualidade que encontra uma continuidade histórica do "construtivismo". Perseguindo a formulação de desenhos geométricos, projetados mediante aqueles elementos que se inclinam a um aprofundamento plástico, composto, cromático e de estruturação arquitetônica, Guersoni põe de lado qualquer emoção expressionista. Não há dúvida que esse conjunto de fatores alcança expressividade graças ao uso de técnicas que ajudam a atividade artística sem trazer qualquer discrepância entre as necessidades criativas e os singulares elementos do contexto. Odetto Guersoni é um gráfico por excelência e faz de seus quadros uma contínua variação sobre motivos rítmicos de formas e de cores, enquanto recupera sobre a tela ou sobre o papel certos efeitos volumétricos brilhantemente sustentados pelas graduações das cores acrílicas. O crítico Jacob Klintowitz, escreveu: "O artista trabalha com poucas matrizes, transformando-as em módulos que passa a combinar. Ele as justapõe, acrescenta, altera no cromático e, com isso, compõe a sua obra. E o resultado final são mandalas e geometrias estruturais. O artista aproxima-se de imagens arquetipais e ancestrais. São símbolos e marcas ressurgidas das escritas antigas. E, nesse aflorar, nesse pôr-se à disposição do artista, a sua elaboração e técnica são atuais". O rigor técnico e o da imagem são uma constante que podemos observar tanto na obra "Vibração II" quanto em "Gradação justaposta XXXIV", doadas ao Museu de Arte do Parlamento de São Paulo, na quais também "o rigor do pensamento ajusta-se perfeitamente à geometria". O artista Gravador, pintor e desenhista, Odetto Guersoni nasceu em Jaboticabal no ano de 1924. Estudou no Liceu de Artes e Ofícios, em São Paulo, aperfeiçoando-se em Paris, com Cottet, em 1948, onde tomou parte da coletiva Peintres et Graveurs Étrangers, organizada por Jean Cassou. Foi vice-presidente do Núcleo dos Gravadores de São Paulo (Nugrasp), entre 1962 e 1965, e em 1975 representou o Brasil no I Encontro de Gravura da Bacia do Prata. Foi um dos iniciadores, em 1950, da Oficina de Arte (ODA). Realizou 52 exposições individuais, sendo 36 no Brasil e 16 no exterior. Participou de 10 bienais nacionais e de 21 internacionais, além de 62 exposições coletivas no exterior. Praticou todas as técnicas gráficas, dedicando-se com mais afinco à xilogravura. Na década de 60 criou e desenvolveu uma nova técnica de gravura que passou a denominar de "plastigrafia". Foi um dos iniciadores do emprego de modulas na gravura e desenvolveu uma linha de concepção de trabalhos únicos, denominada "xilo-modular", com a montagem de fragmentos de gravuras de sua autoria. Possui trabalhos em 16 museus brasileiros e em 19 museus estrangeiros. Foi premiado em inúmeras bienais internacionais e em diversos salões brasileiros. Suas obras encontram-se em diversas coleções particulares, no Brasil, no exterior e no Museu de Arte do Parlamento de São Paulo.