O verdadeiro esquema da pirâmide
O escritor albanês Ismail Kadaré constrói em seu livro "A pirâmide" uma outra teoria, preocupada mais com política do que com arqueologia para explicar a origem dos monumentos egípcios. Na sua versão, o faraó Queops comunica à sua corte que não irá construir uma pirâmide, como fizeram seus ancestrais, a menos que os escribas expliquem qual seria a finalidade da construção.
Depois de muita pesquisa nos arquivos finalmente os sábios da corte descobrem para que serve a pirâmide: se não houvesse todo o desperdício de recursos, mão-de-obra e tempo necessário à construção das pirâmides o nível de vida da população seria muito elevado. Como os cidadãos enriquecidos dependeriam menos do Estado e seriam mais fortes, a autoridade dos faraós estaria diminuída e a tendência era a eliminação. Assim as pirâmides eram necessárias, sobretudo, para drenar os recursos do país, fortalecendo a autoridade política do faraó.
A imprensa revelou esta semana o único lugar para a qual o "espetáculo do crescimento" não é um mero slogan vazio, mas uma realidade concreta e objetiva: as finanças petistas. O crescimento das contribuições compulsórias dos membros do partido que ocupam cargos de confiança cresceu assustadores 730%, alimentados pelo aparelhamento da máquina administrativa e pela fúria na criação de cargos, em sua maioria ocupados pelos "companheiros" no governo federal.
A situação inusitada revela um dos motivos pelos quais o PT jamais conseguirá tirar do papel qualquer projeto de desenvolvimento do Brasil. Esta impossibilidade não se deve à incompetência, desconhecimento ou incapacidade " ainda que todos estes fatores possam pesar para agravar o problema " mas está ligada a um fator estrutural do próprio PT que o incapacita enquanto instituição para enfrentar a raiz do grande problema nacional: o déficit público.
O PT sofre da mesma síndrome da pirâmide que os escribas do faraó. Não pode combater o empreguismo, vício que impede a modernização do Estado, porque se alimenta dele. Suas presas estão profundamente cravadas na jugular do orçamento público: se diminuir o fluxo de recursos públicos para os companheiros instalados na máquina pública, morre de inanição. Assim não é estranho, mas coerente que o PT tenha ocupado 80% dos cargos federais e tenha criado mais de 3 mil cargos de confiança para seus militantes. Estranho seria se não fizesse isto, porque está em sua natureza.
Antes de estar encastelado no poder o PT já praticava esta "política da pirâmide", por exemplo ao defender os interesses corporativos dos funcionários das estatais, tentando assim evitar que os recursos públicos fossem utilizados nas atividades-fim do Estado " como saúde, educação e promoção social " para garantir os privilégios de uma elite corporativa que contribuia de forma generosa com o financiamento da máquina petista. A política empreguista apenas deu um caráter mais profissional e "industrial" à tática de drenagem de recursos públicos para fundos partidários.
Todos sabem que os grandes males que impedem o desenvolvimento prometido " como os altos juros e a carga tributária hipertrofiada " tem sua raiz na falta de controle dos gastos públicos. Durante o governo de Fernando Henrique o PT e seus aliados " em especial os setores corporativistas " esforçaram-se ao máximo para impedir todas as reformas que poderiam sanar a raíz dos males e modernizar o Estado. Durante seu próprio governo o PT decidiu levar a extremos faraônicos a política de se manter no poder às custas do empobrecimento da nação.
A redução dos impostos sobre a produção que desestimulam investimentos e sufocam a economia e o rebaixamento dos juros que criam uma concorrência desleal por recursos entre o voraz governo e a desamparada iniciativa privada, iriam permitir ao país aproveitar o momento favorável para gerar empregos, recursos e riquezas, melhorando o nível de vida da população como um todo mais do que alguns bilhões gastos com assistencialismo. Mas esta outra alternativa prejudica os planos políticos e eleitoreiros de falar em nome dos miseráveis, assim como para o faraó: mais vale drenar recursos e permanecer no poder do que melhorar a vida das pessoas e tornar-se desnecessário.
*Vaz de Lima (PSDB), advogado e sociólogo, é deputado estadual.
Notícias mais lidas
- Alesp aprova aumento de 10% no Salário Mínimo Paulista, que passa a ser de R$ 1.804
- Reajuste salarial dos servidores públicos pauta 74ª Sessão Ordinária; assista
- Lei que transformou dor de família em ações que salvam milhares de vidas completa 10 anos
- Encontro na Alesp define reivindicações de servidores da Polícia Civil ao Executivo
- Veículos híbridos de SP terão isenção do IPVA por dois anos; confira regras aprovadas pela Alesp
- Governo envia à Alesp projetos com diretrizes orçamentárias para 2026 e reajuste do mínimo paulista
- Alesp recebe audiência pública em defesa dos servidores do Tribunal de Justiça de São Paulo
- Cidades, Segurança e defesa animal: Plenário da Alesp aprova projetos de autoria parlamentar
- Deputado apresenta emendas para ampliar valor do salário-mínimo paulista e garantir mais direitos
Lista de Deputados
Mesa Diretora
Líderes
Relação de Presidentes
Parlamentares desde 1947
Frentes Parlamentares
Prestação de Contas
Presença em Plenário
Código de Ética
Corregedoria Parlamentar
Perda de Mandato
Veículos do Gabinete
O Trabalho do Deputado
Pesquisa de Proposições
Sobre o Processo Legislativo
Regimento Interno
Questões de Ordem
Processos
Sessões Plenárias
Votações no Plenário
Ordem do Dia
Pauta
Consolidação de Leis
Notificação de Tramitação
Comissões Permanentes
CPIs
Relatórios Anuais
Pesquisa nas Atas das Comissões
O que é uma Comissão
Prêmio Beth Lobo
Prêmio Inezita Barroso
Prêmio Santo Dias
Legislação Estadual
Orçamento
Atos e Decisões
Constituições
Regimento Interno
Coletâneas de Leis
Constituinte Estadual 1988-89
Legislação Eleitoral
Notificação de Alterações