Os retalhos de Cipriano Souza elaboram fábulas ricas de sinceridade e sentimentos

Museu de Arte do Parlamento de São Paulo
28/11/2006 15:28

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Cipriano, pseudônimo artístico de Cipriano Barbosa de Souza<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/03-2008/M-cipriano.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> <i>O Vendedor de Potes</i><a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/03-2008/M-ciprianoOvendedordepotes-CiprianoSouza.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a>

Cipriano Souza é um artista primitivo autêntico, cujos quadros suscitam admiração pelo cromatismo e sobretudo pela cuidadosa descrição dos particulares. São obras que não deixam de revelar a espontaneidade das imagens, seja de árvores secas ou de flores, paisagens campestres ou marítimas, figuras humanas ou casebres, temas sacros, folclóricos ou lendas que se constituem em marcas absolutas de sua criação.

Trata-se de uma pintura que transmite sinceridade e é rica de sentimentos tanto quanto de valores culturais. Suas composições se constituem em delicada ilustração de fábulas verdadeiras, de fábulas da vida, do dia-a-dia de todos nós, contadas com minucioso cuidado, sem subentendidos, simples e limpas como as palavras de São Francisco no "Cântico das Criaturas". Assim é a pintura de Cipriano, um homem do sertão baiano envolvido hoje na selva de concreto da Paulicéia.

Não há dúvida de que esse artista parte da negação abstrata da realidade na convicção de que o símbolo icônico da sua imaginação nasce de modelos da realidade que o homem, na percepção memorial de um sonho ou na antecipação de momentos reprodutivos da visão do mundo, traz consigo de maneira inextricável ou fortuita, com uma lógica privada de convencionalismos sintáticos e gramaticais, bem como da Opinio Communis...

Às vezes de referência orgânica, outras vezes de espirituosa interpretação quase geométrica, os elementos pintados por Cipriano flutuam no espaço com inigualável leveza. As obras desse pintor do sertão nos parecem possuir o efeito de prolongar a emoção visiva no tempo, até encontrar ritmos sempre diferentes em novos momentos de observação.

Na obra O Vendedor de Potes, doada ao Museu de Arte do Parlamento de São Paulo, as suas alusões pictóricas não se transformam em siglas. Quanto mais aprofundamos a observação, conseguimos descobrir em suas "telas de retalhos" uma série de quadros dentro do próprio quadro, onde personagens e situações são envolvidos por cores, formas e mensagens repletas de um lirismo e poesia.



O artista

Cipriano, pseudônimo artístico de Cipriano Barbosa de Souza, nasceu em 1970, no Arraial de São Domingos, município de Manoel Vitoriano, Bahia. Desde os 10 anos de idade, dedicou-se ao artesanato utilizando as mais diversificadas técnicas. Realizou trabalhos em argila, madeira, esculturas com sucata de bicicletas, durepóxi, além de diversas formas de reciclagem, buscando sempre novos modos de enriquecimento ao seu trabalho.



Transferiu-se para São Paulo em 1994 e naquela década passou a se interessar pela pintura a óleo e acrílico sobre tela. As várias passagens vividas na infância influenciaram esse artista autodidata. Realizou viagens de estudo e observação para o Chile e Argentina. No Brasil fez pesquisas nos sertões dos Estados do Ceará, Pernambuco, Bahia, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.

Sua primeira exposição foi em 1971, participando da 1ª Mostra de Esculturas com Sucata de Bicicleta na Cidade de Planalto, Bahia. Em São Paulo fez exposições individuais no Centro Cultural Britânico-Brasileiro; no Espaço Cultural do Clube Pinheiros e no Espaço Cultural do Hotel Íbis Congonhas, todas em 2003.

Possui obras em inúmeras coleções particulares no Brasil e no exterior e no Museu de Arte do Parlamento de São Paulo.

alesp