Discussão sobre crise da Parmalat reúne representantes de diversos setores na Assembléia


10/02/2004 20:49

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Reunião da Comissão Especial da Câmara Federal que acompanha a crise da Parmalat <a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/hist/Parmalat10fev4.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Clique para ver a imagem " alt="Afonso Champi, gerente de Comunicação da Parmalat Brasil: "Estamos buscando uma solução para os 6 mil funcionários da empresa" Clique para ver a imagem ">

DA REDAÇÃO

"Estamos buscando uma solução para os 6 mil funcionários da empresa", declarou o gerente de Comunicação da Parmalat Brasil, Afonso Champi, nesta terça-feira, 10/2, em depoimento à Comissão Especial da Câmara Federal que acompanha a crise da empresa. A reunião, presidida pelo deputado Nélson Marquezelli (PTB/SP), foi realizada na Assembléia Legislativa de São Paulo.

A comissão deixou clara sua preocupação com a manutenção dos empregos e o pagamento aos produtores rurais que realizam negócios com a empresa. Champi disse que a Parmalat mantém constante contato com o sindicato dos trabalhadores da área, "não ocultando, em nenhum momento, a dimensão da crise". Ele afirmou ainda que a retenção dos recursos da empresa pelo Banco do Brasil "faz com que haja pendências, mas desde o início da crise priorizamos o pagamento dos produtores de leite, dos funcionários e dos tributos".

A declaração de Champi de que "a Parmalat ainda tem condições de operar, mas com alguns ajustes", chocou o deputado federal Jamil Murad (PCdoB/SP). "Do jeito que o senhor fala parece que a empresa não está em crise, que não houve uma fraude contábil na matriz, na Itália. Entretanto, sabemos que já foi requerida a concordata da Parmalat no Brasil", declarou.

Para o deputado federal Mendes Thame (PSDB/SP), uma das saídas para a empresa é adotar a co-gestão com cooperativas e trabalhadores, já que tem uma dívida de 450 milhões de reais, equivalente a 75% de seu patrimônio. A proposta recebeu apoio do representante do sindicato dos trabalhadores na reunião.

Também concorda com essa solução o deputado estadual Mauro Menuchi (PT), presente à reunião. Segundo Menuchi, a fábrica de biscoitos da Parmalat, em Jundiaí, não funcionou um só dia em fevereiro. "Se a empresa não pode dar perspectiva de continuidade de produção, o mínimo que tem a fazer é informar isso aos trabalhadores e ao sindicato", criticou.

O representante do Ministério da Agricultura, Francisco Jardim, informou que o governo já liberou 113 milhões de reais, dos 300 milhões previstos, para a manutenção de matrizes. "A preocupação do governo é a continuidade do sistema produtivo e do emprego, por isso estamos liberando os recursos", ressalvou.

Roberto Arruda, da Sociedade Rural Brasileira, disse que a situação da Parmalat é uma crise anunciada para o setor, devido ao "excesso de concentração da produção nas mãos das multinacionais". "As cooperativas foram dilapidadas e induzidas a entregar seus produtos às grandes empresas. Um erro estratégico, pois até recursos do Fundo de Amparo ao Trabalhador vêm sendo empregados, no setor agropecuário, em negócios conduzidos por companhias estrangeiras", falou. Para ele, trata-se de um "contrasenso" que prejudica pequenos e médios produtores.

Participaram ainda da audiência os presidentes da Comissão de Agricultura e Pecuária da Assembléia paulista, deputado Geraldo Vinholi (PDT); da Associação dos Cooperativados, Yuri Costa de Oliveira; e da Associação de Produtores de Leite do Estado de São Paulo, Marcelo Campos Filho, além de trabalhadores de indústrias do setor.

alesp