Presos querem ficar na cadeia

Opinião
16/02/2006 17:33

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Afanasio Jazadji<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/03-2008/afanasio.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a>

No Brasil, milhares de criminosos espalhados por todo o País já perceberam uma realidade: por piores que sejam as condições das cadeias brasileiras, pode ser melhor ficar numa cela, com cama e comida, do que fora do presídio, tendo de lutar contra a falta de emprego e contra as ameaças dos próprios bandidos. Se até mesmo policiais civis e militares são atacados por quadrilhas, é claro que trabalhadores de várias outras profissões continuam reféns do crime organizado e de gente que ultimamente aderiu aos atos criminosos.

Tudo isso por conta da demagogia de governantes e da predominante sensação de impunidade. Alguns bandidos cometem crimes graves e conseguem escapar da polícia ou obtêm a tolerância da Justiça. E mais: no caso do Estado de São Paulo, em ano eleitoral, o governo prefere fazer marketing enganoso ao anunciar uma queda da criminalidade que, na verdade, não tem ocorrido. Pesquisas da Secretaria da Segurança Pública são manipuladas para dar um tom otimista, mentiroso.

Como deputado estadual e jornalista, tenho insistido na opinião sobre a fragilidade das polícias e o excessivo grau de tolerância nas cadeias brasileiras, fatores que, inegavelmente, contribuem para a intensificar a onda de crimes. Não por simples acaso, a mídia acaba de divulgar reportagens sobre antigos presos de vários Estados do País que, uma vez libertados, preferem voltar para as prisões. Essa constatação reforça tudo aquilo que comento com os leitores: está

Em Minas Gerais, por exemplo, o pintor de paredes Daniel Aleixo da Silva, de 28 anos, ganhou liberdade condicional no fim do ano passado, depois de ter cumprido apenas um ano dos quatro anos a que havia sido condenado por assaltar passageiros de um ônibus em 2004. Algumas semanas depois, porém, Daniel procurou a Justiça e pediu para voltar à prisão. Ele alegou que havia sido abandonado pela esposa e que começou a consumir drogas. Sem emprego, não viu alternativa a não ser voltar a praticar assaltos para poder comprar comida e drogas.

Seu pedido foi aceito: Daniel agora divide uma cela com outros 20 presos, em Belo Horizonte. Lá, ele é alimentado e mantido pelo governo estadual, com dinheiro de impostos arrecadados junto ao povo, sistema igual ao do Estado de São Paulo, onde milhares de condenados vivem como parasitas.

Cada caso tem suas características. Apresentei na Assembléia Legislativa de São Paulo projeto de lei para beneficiar réus primários que cumprem pena e que, ao saírem das cadeias, enfrentam o drama da falta de emprego. Se o preso não tem longa ficha policial, pode ser reabilitado. Cabe à sociedade e ao governo dar a ele a chance de retomar a vida normal. Mas há os assassinos que matam inúmeras vítimas. Com esses, a polícia e a Justiça devem ser duras. Precisam ser reservadas, para eles, prisões do estilo daquela de Presidente Bernardes, de segurança máxima, sem regalias, para que enfrentem castigo por seus crimes. Que sejam construídas outras penitenciárias como a de Bernardes.

*Afanasio Jazadjo é deputado estadual pelo PFL, jornalista, radialista e advogado.

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