O projeto do Trem Expresso Bandeirante, que fará o transporte de passageiros entre São Paulo e Campinas, passando por Jundiaí, foi apresentado nesta terça-feira, 25/10, pelo secretário estadual dos Transportes Metropolitanos, Jurandir Fernandes, na Comissão de Transportes da Assembléia Legislativa. O projeto é resultado de estudo financiado e realizado pelo governo espanhol, através da empresa espanhola Ineco, com recursos de fundo para essa finalidade destinado a países em desenvolvimento.O projeto da ferrovia prevê a circulação de trens de alto desempenho que farão o trajeto em cerca de 50 minutos, a uma velocidade média de 110 km/h. A estimativa é de transporte diário de 38 mil passageiros. A tarifa para o trajeto São Paulo-Campinas deve ficar entre R$ 10,30 e R$ 14,70.O trem, com toda a obra de infra-estrutura e carros em operação, está orçado em R$ 2,7 bilhões, dos quais R$ 700 milhões, no mínimo, serão investidos pela por empresas pelo sistema de Parceria Público-Privada (PPP). Além da ligação entre as duas grandes regiões metropolitanas, também estão previstos no projeto ramais para o aeroporto de Viracopos e a ligação com o aeroporto de Guarulhos. O cronograma prevê início da obra em 2007 e conclusão em 2010.Ferrovia X rodoviaO sistema Anhanguera-Bandeirantes, ainda que com duplicações, tem um gargalo na chegada à capital, que permanece como um problema quase sem solução. A opção pelo aperfeiçoamento dos transportes públicos torna-se, assim, um imperativo para a melhoria da qualidade de vida, e o projeto do trem, segundo o secretário Jurandir Fernandes, é uma opção nesse sentido. "As prioridades para o transporte ferroviário de passageiros foram relegadas a segundo plano durante muitos anos", afirmou.O transporte por sistema metro-ferroviário no país é de 120 milhões de pessoas por mês, cerca de 88 milhões em São Paulo, pelo sistema metrô-trens da CPTM. O novo trem transportará diariamente cerca de 38 mil passageiros, diminuindo bastante o volume de 54 mil pessoas que fazem esse caminho todos os dias, quase 50 mil de carro particular e o restante em ônibus regulares ou fretados. O custo total, de R$ 2,7 bilhões, permite, segundo o secretário, um cálculo de R$ 27 milhões por quilômetro (pronto e operando, com estrutura e material rodante), 10% do custo do metrô. Intervenções dos deputadosRenato Simões (PT), autor do requerimento de convite ao secretário, pediu cópias dos estudos e do projeto, para análise da comissão e, em relação ao processo de PPP, indagou quais os passos que já foram dados, se a meta é iniciar operação em 2010 e se já há estudo de viabilidade econômica. Fernandes explicou que a implantação do projeto depende, antes de tudo, do entendimento entre municípios (tanto pelo trajeto como pela possibilidade de concessão de áreas públicas), Estado e União (cuja empresa de infra-estrutura aeroportuária (Infraero) tem interesse nos ramais de ligação com os aeroportos). Quanto à parceria, o projeto ainda deve ser submetido ao Conselho Gestor das PPPs para análise.Sebastião Arcanjo (PT) alertou que não estão previstos recursos no orçamento de 2006 para essa PPP, e questionou o alto investimento do Estado em comparação com os parceiros privados. Jurandir Fernandes relativizou as proporções, levando em consideração o retorno do investimento tanto em tributos durante o período de 30 anos de operação (cerca de R$ 2 bilhões) quanto em economia com redução de acidentes, poluição, custos de rede de transporte e economia de tempo, que alcançam R$ 6 bilhões.Fernandes dispôs-se a comparecer novamente à comissão para dar continuidade à discussão do projeto.