São Paulo 450 anos - OS FUNDADORES

Antônio Sérgio Ribeiro
22/01/2004 18:00

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José de Anchieta<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/hist/Anchieta.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a>

Desde a vinda de Pedro Álvares Cabral, a Coroa Portuguesa se preocupou em colonizar o Brasil, mas somente 30 anos depois teve início efetivamente a conquista territorial, com a implantação das capitanias hereditárias. A partir de 1549, quando é determinada a vinda de um governador geral, diretamente subordinado ao rei de Portugal, finalmente o Brasil começa a ser povoado de modo mais sistemático. E assim vieram os primeiros jesuítas, chefiados pelo Padre Manoel de Nóbrega, como missionários para catequizar os indígenas e trazer a palavra da Igreja para os portugueses residentes na colônia. Em homenagem aos 450 anos de fundação do Colégio de São Paulo de Piratininga, que marcou o início da grande metrópole de São Paulo, apresentamos a biografia dos participantes desse fato histórico.

José de Anchieta

Nascido em Tenerife no Arquipélago das Canárias - Espanha a 19-3-1534, e falecido em 9-6-1597 em Reritiba (hoje Anchieta), Espírito Santo.

Irmão e depois Padre Jesuíta, Joseé de Anchieta ingressou na Companhia de Jesus em 1-5-1551. Depois de um grave acidente, quando uma pesada escada caiu sobre suas costas, afetando sua coluna e sua saúde, deformando-o permanentemente, foi aconselhado a viajar para o Brasil, tendo embarcado em 8-5-1553, juntamente com mais seis missionários, chefiado pelo Padre Luiz da Grã, na frota que transportava o novo Governador-geral D. Duarte da Costa.

Chegou a Bahia em 13 de julho e lá pouco se demorou, seguindo, com outros, para São Vicente, onde desembarcou às vésperas do Natal. Aguardava-os o Padre Manoel de Nóbrega, então empenhado na construção de um colégio no alto da serra em Piratininga.

Em princípios de janeiro, para a execução da mesma, enviou ao planalto treze religiosos, entre os quais o Irmão Anchieta. Na manhã de 25-1-1554, por designação de Nóbrega, o Padre Manoel de Paiva celebrou, a primeira missa, na inauguração do Colégio de São Paulo de Piratininga. José de Anchieta, então um noviço de 19 anos, participou da missa como sacristão.

Na humilde choupana onde se instalara, ao mesmo tempo escola e casa dos Jesuítas, Anchieta foi o primeiro mestre de latim, por indicação do Padre Nóbrega e também seu amanuense; ensinando os seus colegas noviços da Companhia de Jesus e somente depois na catequese e das primeiras letras aos aborígines, além dos filhos dos colonos e aos noviços. Dos índios aprendia a língua tupi, da qual, após seis meses, compôs uma gramática, impressa em Coimbra, em 1595, sob o titulo Arte da Gramática da Língua Mais Usada na Costa do Brasil.

Exerceu também as funções de enfermeiro, no lugar do Irmão Gregório Serrão e como barbeiro. Curou muitos índios que estavam a beira de morte, vítimas de enfermidades que assolavam a povoação. A seguir escreveu os Diálogos da Fé, em tupi, método novo para a aplicação da doutrina.

Em 1555, voltou a São Vicente e, em 1556, viajando o Padre Manoel de Nóbrega para a Bahia, deixou-lhe a cargo escrever cartas de edificação e de noticias para a Companhia de Jesus na Europa. Após seis anos de permanência em São Vicente, Anchieta enviou ao Prepósito Geral Diego Laynes em Roma, em data de 31-5-1560, um extraordinário estudo sobre a fauna e a flora, o que lhe fora dado ver na "parte do Brasil que se chama São Vicente".

Em 11-4-1563, acompanhou o Padre Nóbrega em sua jornada pacificadora junto aos índios tamoios de Iperoig (entre São Sebastião e Ubatuba), ficando na desejada paz. Durante sua estada no local, entre ameaças, lutas e tentações, compôs cinco mil, setecentos e oitenta e seis versos, que formam o celebre Poema em Louvor da Virgem Nossa Senhora. Posteriormente embarcou para o Rio de Janeiro e, a seguir, para a Bahia onde, em 1566, foram-lhe conferidas as ordens sacras (Padre) pelo Bispo D. Pedro Leitão. Regressando para o sul, auxiliou Estácio de Sá na expulsão dos franceses do Rio de Janeiro. Permanecendo até 1569, quando foi nomeado reitor do Colégio de São Vicente, e das casas anexas, missão que se prolongou até 1578, ano em que foi elevado a Provincial do Brasil.

Na Bahia desenvolveu grande atividade, fundou o Colégio dos Jesuítas e, no Rio de Janeiro, a igreja e o Hospital da Misericórdia. Ao iniciar-se o ano de 1586, sentindo-se muito enfermo, entregou nas mãos do Visitador Cristóvão Gouveia o cargo de Provincial. Em 1593, recebeu ordens para que assumisse a direção da Casa de Espírito Santo, a que se subordinavam as aldeias de Reritiba, Guarapari, São João e Reis Magos.

Faleceu em Reritiba, hoje Anchieta, no Espírito Santo. Seu corpo foi transladado para Vitória onde foi sepultado. Cognominado "Apostolo do Novo Mundo", são-lhe atribuídos inúmeros milagres. Escreveu grande número de hinos e canções sacras para os meninos indígenas, diversos autos, nas línguas tupi, castelhana e portuguesa, escreveu a Vida dos Religiosos da Companhia dos Missionários do Brasil e uma Dissertação sobre a História Natural do Brasil, o que lhe valeu ser considerado o fundador da Literatura Brasileira. Foi beatificado solenemente no Vaticano pelo Papa João Paulo II no dia 22-6-1980, e a igreja existente no Pátio do Colégio, em São Paulo, é em sua homenagem.

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