A regra do jogo

Opinião
21/02/2006 17:25

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Milton Flávio <a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/03-2008/MiltonFlavio7.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a>

Boa parte do noticiário e dos analistas políticos insiste na tese de que o governador Geraldo Alckmin, ao persistir com sua pré-candidatura à Presidência da República, estaria criando, sim, embaraços ao PSDB e aos demais partidos aliados, PFL à frente. Segundo a lógica de tais comentaristas, a candidatura do prefeito José Serra deve ser tida como "natural", já que, no momento, seu nome leva vantagem nas pesquisas eleitorais. E dizem mais, apoiados nos resultados das mesmas pesquisas: a maioria dos entrevistados, algo em torno de 70%, não se incomodaria com o fato dele abrir mão da Prefeitura de São Paulo, após ter assinado, ao longo da campanha, um documento garantindo que não o faria.

Ora, sejamos francos. Se há alguma candidatura natural dentro do PSDB é a do governador paulista. E por várias e conhecidas razões. Seu governo é muito bem avaliado pela maioria dos eleitores de São Paulo. Nas pesquisas de opinião, mesmo não sendo conhecido em todo o país, goza de bons índices de intenção de voto. Não se trata de exercício de futurologia. É mais que provável que, após o início da campanha e do horário eleitoral gratuito, ele venha a contar com o apoio da maioria dos eleitores " por suas propostas, por seu comportamento ético, pelo trabalho competente que realizou e vem realizando em São Paulo, desde 1995.

Em São Paulo, Geraldo Alckmin conta com o apoio da esmagadora maioria dos deputados estaduais tucanos, dos prefeitos e dos diretórios municipais. A maioria dos governadores do PSDB também apóia sua candidatura, bem como a maior parte dos parlamentares federais. É natural, portanto, que pleiteie a vaga, até porque está encerrando um ciclo de sua carreira política, tem experiência administrativa, credibilidade e competência. Além disso, convém lembrar que, quando Lula da Silva, há meses, era considerado imbatível, ele era tido como o melhor candidato do PSDB para enfrentá-lo. Até porque ninguém se mostrava disposto a enfrentar o desafio.

O que o governador reivindica " e neste pleito ele não está sozinho, ao contrário " é que os critérios de escolha não sejam definidos por três, quatro pessoas, por mais qualificadas que sejam todas elas. O que se quer é nada mais que absoluta clareza nas regras do jogo. Para o fortalecimento do próprio partido, é fundamental que seja levada em consideração a opinião do maior número possível de parlamentares, chefes de executivo e lideranças. Afinal, serão eles, com o apoio de militantes e simpatizantes, que terão de levar a candidatura por todos os cantos do país.

É evidente que o prefeito José Serra reúne todas as condições " e mais algumas " para ser um candidato de peso. Isso nunca esteve em questão. Ao contrário. Nunca se questionou os seus méritos. O que a maioria do partido reivindica é apenas o direito de influir na escolha. Se vitorioso, Serra terá o apoio integral do partido, que saberá, sim, superar as divergências atuais. O mesmo deve valer para Alckmin. A sete meses das eleições, não se pode tomar os resultados das pesquisas qualitativas como valores absolutos, inquestionáveis. Até outubro, muitas águas vão rolar rio abaixo. Quem é do ramo sabe disso.

Milton Flávio é professor de Medicina da UNESP, deputado estadual pelo PSDB e vice-líder do governo na Assembléia Legislativa de São Paulo

www.miltonflavio.org

miltonflavio@al.sp.gov.br

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