"Não haverá uma solução definitiva para a questão do transporte urbano público se o governo federal não contribuir efetivamente. E o que vemos, nos últimos dez anos, é que ele tem deixado de lado essa questão", ponderou o engenheiro Emiliano Affonso, do Movimento Nacional pelo Direito ao Transporte, no seminário promovido nesta quarta-feira, 10/5, pela Comissão de Transportes e Comunicações da Assembléia, presidida pelo deputado Valdomiro Lopes (PSB), para debater o tema Transporte Urbano " Estratégias para o Desenvolvimento Sustentável.Para o deputado José Zico Prado (PT), proponente do seminário, "é necessário deixar a inércia na qual se encontra a discussão sobre o transporte, já que se trata de uma questão social, levando o debate para a opinião pública e construindo uma proposta de política de Estado para o setor".Nesse sentido, o deputado Arnaldo Jardim (PPS) chamou a atenção para o fato de estarmos em ano eleitoral, "sendo urgente o estabelecimento de pontos comuns para que se possa oferecer aos vários candidatos uma plataforma de governo para o transporte público no país".Transporte e desenvolvimento Depois de mostrar dados que comprovam a ineficiência do sistema de transporte público na Região Metropolitana de São Paulo, em que um cidadão leva em média 62 minutos numa viagem, e o incremento do transporte individual em detrimento do coletivo, Affonso apresentou algumas soluções para o problema: priorizar o transporte coletivo, investindo na construção de redes não poluentes e incentivando a integração e racionalização do sistema, inclusive com a criação de fundos para investimentos no transporte coletivo. Ele falou da necessidade de participação dos três níveis de governo para que se chegue a um plano de Estado para o setor. E arrematou: "O sistema de transporte eficiente garante melhor qualidade de vida para os moradores da metrópole, propiciando o desenvolvimento de toda a região metropolitana".Seguindo o mesmo raciocínio, Manuel Xavier, do Sindicato dos Metroviários, chamou a atenção para a necessidade de inserção de parcela da população que é excluída do direito de se locomover. "Precisamos buscar o apoio da sociedade para essa disposição de luta por um transporte público de qualidade com a contrapartida dos poderes públicos", conclamou.Saúde e meio ambienteEspecialista em patologias do trato respiratório, Paulo Saldiva deu uma boa notícia para o público: a qualidade do ar tem melhorado nos últimos dez anos na região metropolitana, apesar do aumento absurdo da frota veicular. Entretanto, ele destacou que, para continuar melhorando, a administração pública tem de implementar soluções na área ambiental. "Precisamos criar uma rede de conhecimentos que possa assessorar na tomada de decisões, gerando informações que promovam a redução das emissões causadas pelos equipamentos de transporte", indicou, acrescentando que "não se fazem estudos de impacto ambiental para avaliar, por exemplo, os riscos do transporte na região metropolitana".Política macroeconômica"Com o barril de petróleo a US$ 70, São Paulo precisa investir mais em linhas de metrô, que têm vantagens monetizáveis muito maiores", refletiu o especialista em transporte urbano Plínio Assmann. Segundo números apresentados por ele, o Metrô de São Paulo economiza 3 milhões de barris de petróleo por dia, o que resulta numa economia de US$ 200 milhões. "Se investirmos na construção de linhas de metrô, o retorno desse investimento, se comparado com o custo da linha, é pago em torno de oito anos", ponderou.A discussão sobre transporte urbano continua na próxima quarta-feira, 17/5, quando serão abordadas questões como gratuidade e acessibilidade.