Cooperar para Desenvolver

OPINIÃO - Arnaldo Jardim*
11/02/2004 15:35

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São 1.025 cooperativas no Estado de São Paulo, com 2,3 milhões de cooperados, gerando 39,5 mil empregos diretos que movimentam anualmente 6,7 bilhões de faturamento para a economia paulista e exportam cerca de US$ 1,2 bilhão. .Os resultados do cooperativismo falam por si.

Os primeiros números, ainda preliminares, mostram que as cooperativas de produção agropecuária de São Paulo movimentaram R$ 7,56 bilhões no ano passado, o que representa 30% de aumento sobre 2002 e mais de 30% sobre o valor anual da produção agropecuária do Estado.

Enquanto as empresas de São Paulo e do país se esforçam para qualificar a produção, garantir faturamento, manter postos de trabalho, investir em tecnologia e agir com responsabilidade social, precisamos lembrar o importante papel social e econômico desempenhado pelas cooperativas que representam um elemento significativo e positivo do setor privado e, portanto, da economia nacional. O cooperativismo é um modelo de desenvolvimento testado ao longo de cem anos de sucesso no país, enfrentando desafios econômicos urbanos e rurais com as ferramentas da produtividade, competitividade e responsabilidade social, contribuindo para a realização de um progresso social considerável.

Nas cidades paulistas o cooperativismo urbano tem assumido papel relevante na diminuição da exclusão social e da concentração de renda. As cooperativas habitacionais paulistas colaboram para reduzir o déficit de moradias e, em dez anos, entregaram mais de 80 mil unidades. As cooperativas urbanas de produção unem profissionais especializados que se tornam empreendedores e abrem espaço para seus produtos em um mercado competitivo. As cooperativas de consumo regulam o abastecimento no varejo, ao praticarem sadia concorrência com grandes redes comerciais. As cooperativas de crédito, finalmente estimuladas pelo Governo Federal, garantem economia de escala para o sistema cooperativista, bem como o financiamento no período de "vacas magras" , para que o setor agropecuário alcançasse o atual momento de expansão.

Mas não é só isso, analisemos o fenômeno do desemprego, o grande pesadelo dos paulistanos, uma vez que 20,3% da força de trabalho da Região Metropolitana de São Paulo está sem emprego. Dezenas de cooperativas de produção vêm obtendo êxito em administrar- no sistema de autogestão - empresas que haviam falido nas mãos dos proprietários originais, o que demonstra que o cooperativimo tornou-se um instrumento estratégico, capaz de inserir e integrar o cooperado no mercado de trabalho.

Num seminário recente da ACI - Aliança Cooperativa Internacional, realizado nas Filipinas, sobre os impactos da crise financeira asiática, concluiu-se que as cooperativas sofreram muitos menos impacto do que os negócios privados, uma vez que elas dependem, essencialmente, do capital de seus membros e não estão envolvidas em atividades especulativas.

Apoiada numa sólida parceria com a Organização das Cooperativas do Estado de São Paulo - OCESP, que reúne e representa o cooperativismo paulista, a FRENCOOP/SP- Frente Parlamentar do Cooperativismo Paulista, a qual tenho o orgulho de coordenar, renasce tendo muito que fazer. Uma de nossas primeiras propostas será interceder junto ao Governo Estadual para facilitar a cessão, em comodato, de prédios públicos disponíveis. Com essa ação, queremos disponibilizar espaço físico para incubadoras de cooperativas, gerenciadas pelo próprio Sistema Cooperativista (formado pela Ocesp e o Sescoop - Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo).

Outra proposta será a inclusão da disciplina "Cooperativismo" no currículo das escolas estaduais, o que ajudará a formar uma geração futura de empreendedores solidários. Também lutaremos para garantir uma representação efetiva do cooperativismo na Junta Comercial, para que profissionais especializados orientem com precisão os grupos interessados em se registrar como cooperativas, até para ajudar a separar o "joio do trigo" e evitar que o uso da denominação de "cooperativa", como fachada, confunda e comprometa a imagem do verdadeiro cooperativismo.

Como coordenador da Frencoop Paulista, proponho essas bandeiras na certeza de que o Poder Público pode e deve ajudar a consolidar a história de sucesso do cooperativismo, modelo exemplar de desenvolvimento econômico. Já obtivemos demonstração de apoio, quando eu e os dirigentes da OCESP, fomos recebidos pelo governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, que anuiu às propostas apresentadas. Estas propostas preliminares estão abertas ao debate. Integrantes das cooperativas e interessados na aceleração do desenvolvimento econômico estão convidados a participar das discussões que têm início dia 12 de fevereiro, em evento na Assembléia Legislativa.

A Frente tem o papel de promover o cooperativismo, movimento baseado em valores de ajuda e responsabilidade, democracia, eqüidade, igualdade e solidariedade. Esses conceitos não são apenas belas palavras, mas fundamentos de atividades econômicas competitivas, que nos antecipam um futuro melhor para o país.

*Arnaldo Jardim é deputado estadual, engenheiro civil e líder do PPS na Assembléia Legislativa. Coordena a Frente Parlamentar do Cooperativismo Paulista





*Arnaldo Jardim é deputado estadual, engenheiro civil e líder do PPS na Assembléia Legislativa. Coordena Frente Parlamentar do Cooperativismo Paulista

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