Falta de pessoal impede instalação de Delegacias da Mulher em Bertioga e em Itanhaém


08/11/2005 15:58

Compartilhar:

Deputada Maria Lúcia Prandi e ao vereador Maurício Souza (Bertioga) pelo diretor do Deinter-6, Everardo Tanganelli Júnior (dir)<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/03-2008/MPRANDI - Tanganelli 021.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a>

A falta de pessoal está impedindo a instalação de Delegacias de Defesa da Mulher (DDMs) em Bertioga e em Itanhaém. A informação foi transmitida à deputada Maria Lúcia Prandi (PT) e ao vereador Maurício Souza (PT/Bertioga) pelo diretor do Deinter-6, Everardo Tanganelli Júnior, durante audiência, na tarde de segunda-feira, 7/11. Também participou o delegado assistente José Paulo Spagna.

O encontro foi solicitado pela deputada Prandi, que criou e coordena a Frente Regional pelo Enfrentamento da Violência contra a Mulher. Desde março, ela luta pela criação de DDMs nos dois municípios, os únicos sem o serviço especializado na Região Metropolitana da Baixada Santista. A estratégia da deputada e do vereador Maurício será, agora, acionar o diretor geral da Polícia Civil do Estado, delegado Marco Antônio Desgualdo, apontando a necessidade de reforçar o quadro da Polícia Civil na Baixada Santista.

"O que há de muito positivo é a disposição do delegado Tanganelli de instalar os equipamentos. Em Itanhaém, já há tratativas com a Prefeitura e definição de local. Estamos bem perto de consumar a vitória", observa Maria Lúcia Prandi. Quanto a Bertioga, para demonstrar que a DDM é um desejo da população, a parlamentar apresentou abaixo-assinado com cerca de mil assinaturas. O documento é resultado de mobilização em parceria com o vereador Maurício Souza.



Baixos salários

Tanganelli confidenciou que os baixos salários estão provocando evasão de pessoal. "Em Bertioga, estamos com um delegado e chegamos a ter três", exemplifica. Segundo ele, uma delegada foi convidada a assumir em Bertioga, mas não aceitou. "O que falta é gente. Preciso de pessoal", reiterou.

O vereador Mauricio confirmou a necessidade do novo serviço, exemplificando com a ocorrência de um recente homicídio praticado pela esposa contra o marido. "Foram vinte anos de violência contra ela, até que um dia ela reagiu e acabou em tragédia", destacou. Para ele, se houvesse uma delegacia da Mulher no município, o caso poderia não ter chegado a esse extremo.

De acordo com Maurício Souza, há subnotificação dos casos policiais em Bertioga. "Às vezes, a vítima procura a Imprensa para denunciar, mas não faz boletim de ocorrência", explica.

O delegado assistente José Paulo Spagna confirmou que a Polícia Civil está perdendo servidores para outros órgãos públicos e até para outros estados. "Eles passam em concursos e saem. Outro dia, saíram 10 pessoas de uma só vez", lembrou.

A luta pelas DDMs de Bertioga e de Itanhaém ganhou força desde que foi iniciada a mobilização junto à população, em meados do primeiro semestre. Em Itanhaém, o trabalho é desenvolvido em parceria com a vereadora Regina Célia de Oliveira (PT). Em 2004, foram registrados na região 12.850 casos de maus-tratos contra mulheres, uma média de 35 por dia ou 1,5 por hora.

Nos primeiros quatro meses do ano, as cinco DDMs ligadas à Seccional de Santos registraram 4.457 casos de maus-tratos contra mulheres. O número equivale a 35,5% do total de ocorrências registradas nas sete DDMs da Baixada Santista, em 2004. Conforme explica a deputada Prandi, a mulher vítima da violência está fragilizada, constrangida e precisa ser atendida em local diferenciado.

mlprandi@al.sp.gov.br

alesp