Como não?

Opinião
16/08/2005 18:59

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Deputado Milton Flávio <a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/03-2008/MiltonFlavio7.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a>

Neste ponto, também estou com o jornalista Alexandre Machado: cedo ou tarde sairemos da crise. Com certeza, só não sei dizer quando. Menos ainda de qual forma. Não faço mandinga nem leio tarô, deixo de ganhar uns trocos, mas também jamais serei Mãe Dinah, se me entendem. Creio que vamos sair dela, da crise, bem melhores do que entramos " apesar da imensa dor, do estupor que a desfaçatez sem fim nos propicia nas horas de hoje.

Desde que se queira aprender, é sempre possível sacudir a poeira e dar a volta por cima. E ainda que só uns poucos consigam fazê-lo com a competência do "Noite Ilustrada".

Embora eles sejam doloridos, momentos como o que nós estamos vivendo nos permitem sempre aprender certas coisas. A primeira " e talvez mais importante delas " é que não se pode mesmo acreditar em gente, ou agrupamento político, que se julga acima do bem e do mal, dona da verdade, da compostura. Dá no que deu: em farsa gritante.

A segunda é que, no frigir dos ovos, a incompetência longamente cultivada por uma vida mandriona jamais poderia dar certo. Se desse, estaríamos todos perdidos. Seria pior, creiam. O que você diria a seu filho? Que não vale a pena estudar? Que o grande "barato" é entrar de cabeça e alma nessa "nova" categoria social dos burgueses sem capital próprio, para usar uma expressão cara ao jornalista Reinaldo Azevedo, de Primeira Leitura? Que alternativa lhe restaria, a não ser abrir mão da carreira longeva e do salário ordinário e enveredar de corpo e alma na trilha tortuosa do crime organizado?

O PT não deu certo. Graças a Deus!

Os charutos cubanos de DDS " o Delúbio Dirceu Soares " já deram o que tinha que dar. O rapaz nunca ganhou para tudo aquilo. Agora, ficamos sabendo que o ex-líder do governo na Câmara Federal, cujo título de "professor" agora começa a fazer sentido, era dado a pagar jantares regados a vinho de quatro dígitos a garrafa. Com o salário de deputado é que não podia ser. E imaginar que essa turma, há tão pouco tempo, se embebedava com rabo-de-galo: pinga com vermute. Velhos e bons tempos aqueles. Onde o álcool ordinário não lhes subtraíra o caráter. Ainda.

A crise, no entanto, traz aprendizados para todos os gostos " o que não significa dizer que todos eles sejam úteis. Por exemplo: ficamos sabendo que o caixa dois pode ser traduzido como a soma de recursos "não contabilizados". Isso em nada mudará nossa vida. Menos ainda servirá para tornar a "inculta e bela" mais rica.

Dia desses, um olho na tevê, um ouvido no rádio, descobri porque os ex-dirigentes do PT "comem" todos os "esses". Não se trata apenas de uma fuga precoce e sistêmica da escola. Mas de um equívoco coletivo que de muitos deles se apoderou nos últimos tempos: o "S" virou sinônimo de cifrão. A crise ilustra. Mas não descuide de sua conta bancária. Eles, os meninos, ignoram limites.

*Milton Flávio (PSDB-SP) é professor de Urologia da Faculdade de Medicina da Unesp, em Botucatu, e vice-líder do governo na Assembléia Legislativa de São Paulo.

alesp