Através da fotografia, Giulia Scaglione recupera, antecipadamente, a memória do Memorial

Fotógrafos retrataram São Paulo
30/01/2004 14:23

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Emanuel von Lauenstein Massarani



Giulia Scaglione entrou para a fotografia pelo mais clássico dos caminhos: seguindo, desde que veio ao Brasil no ano de 2000, um curso na Escola Panamericana de Arte. A influência dessa última foi grande tanto quanto sua fascinação pela terra que a acolheu.

A hipersofisticação do material moderno mata, segundo muito fotógrafos, a emoção, reduzindo consideravelmente a parte do trabalho manual no processo de tomada fotográfica. O que não é o caso dessa profissional.

Artista e fotógrafa, se lembra que deve permanecer mestre de seu produto e de suas transformações desde o início até o fim. Não pode deixar uma máquina fotográfica decidir o que deve ser feito. Não importa em que momento o fotógrafo pode intervir de maneira a obter uma prova completamente original. Tão melhor será se no percurso o azar se unir para alterar o tom ou a forma da foto.

Para dar a suas imagens um caráter mais pessoal, Giulia Scaglione as trata segundo procedimentos inabituais, às vezes longe das técnicas tradicionais. O resultado é bem interessante, sobretudo nas fotos dedicadas a arquitetura: recuo da perspectiva das edificações, perda de todo o ponto de fuga e algumas justaposições de planos.

Na maioria dos fotógrafos, o desejo de pintar não está afastado. E a obra é muitas vezes a conclusão de uma longa série de intervenções. Assim é a fotógrafa italiana que gosta de flertar com um sentimento do passado para transcender a própria idéia do tempo.

Muito além da forma, existe também a idéia de uma certa feminilidade que se exprime em sua obra com uma maravilhosa mistura de força e fragilidade. Apaixonada pelo século em que vivemos e preocupada com a passagem do tempo, com a lenta desagregação dos exteriores e dos componentes da nossa moderna arquitetura, Giulia Scaglione não poderia deixar de se interessar pelo conjunto escultural que Niemeyer projetou para o Memorial da América Latina.

"Em memória de um Memorial", ensaio fotográfico doado ao Acervo Artístico do Palácio 9 de Julho, representa uma importante contribuição dessa artista-fotógrafa para a interrogação que essas imagens colocarão aos arqueólogos e aos historiadores da arte nos próximos séculos. Para tanto, ela escolheu enfocar poeticamente os rigores lineares, as curvas, os maciços de concreto, os símbolos existentes e o jogo de luzes e sombras, entrelaçadas e projetadas nos espaços criados.



A Artista

Giulia Maria Morra Scaglione nasceu em 1973 , na cidade de Turim, Itália. Estudou no Liceu Clássico Cesare Balbo e diplomo-se em Economia e Comércio na Universidade de Turim.

De 1996 à 1998 viveu em Strasburgo, na França, onde aproveitou para estudar "in loco" história da arte e da fotografia. Realizou diversas viagens de estudo pela Espanha, Grécia, Turquia, Praga, New York e Londres.

No ano 2000, por ocasião dos 500 anos de Brasil, mudou-se com a família para São Paulo, onde descobriu-se apaixonada pela fotografia em preto e branco, o que a levou a cursar com sucesso a Escola Panamericana de Arte e Design, sob a supervisão do professor Ary Condota.

Entusiasta da arquitetura e dos arquitetos brasileiros, tem-se dedicado a fotografar os exemplares mais significativos de nossas edificações. Vale salientar que, após realizar um excelente ensaio sobre o Memorial da América Latina, está preparando outro, desta feita sobre o Palácio 9 de Julho, sede da Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo.

alesp