CPI dos cursos de medicina discute mudanças de orientação das escolas médicas


10/11/2009 21:15

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Deputados que fazem parte da CPI dos cursos de medicina <a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/11-2009/CPIMEDICINADEPSROB_3804.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Angélica Bicudo Zeferino e Celso Giglio<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/11-2009/CPIMEDICINAangelicabicudozeferinoedepgiglio63ROB.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Maria do Patrocínio Tenório Nunes, Angélica Bicudo Zeferino e Celso Giglio<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/11-2009/CPIMEDICINAMdoPatrocinioeAngelicaeGiglio37ROB.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a>

Na reunião da CPI dos cursos de medicina desta terça-feira, 10/11, entrou em discussão a orientação das escolas na formação de médicos. Defensoras da clínica geral e da atenção básica à saúde, as professoras Angélica Bicudo Zeferino, coordenadora de ensino da Universidade de de Campinas (Unicamp), e Maria do Patrocínio Tenório Nunes, secretária executiva da Comissão Nacional de Residência Médica, estiveram na reunião para expor seus pontos de vista a respeito da proliferação dos cursos de medicina e os efeitos disso no atendimento médico. As profissionais também responderam a perguntas dos parlamentares da comissão.

Segundo Angélica Bicudo, a falta de médicos no atendimento básico se dá menos por falta de profissionais e mais por não haver habilitados nesse tipo de atendimento, que requer mais o clínico geral e o pediatra, especialidades pouco procuradas pelos estudantes. O aumento do número de escolas médicas não equaliza a questão, já que não se trata de um problema de número, mas de orientação da formação e de concentração geográfica: a maioria procura vir a São Paulo para o período de residência médica e opta por especializações que não são voltadas para o atendimento básico.

Questões levantadas pelos deputados José Augusto (PSDB), sobre a eficiência do atendimento inicial e a necessidade de rever o conteúdo dos cursos, Fausto Figueira (PT), sobre a formação acadêmica e atuação na realidade social, e Uebe Rezek (PMDB), sobre a humanização da relação médico-paciente, foram respondidas por Angélica: ela informou que desde 2001 vem sendo implantada a modificação gradual da grade curricular do curso de medicina da Unicamp buscando integrar disciplinas e conteúdos, introduzir o estudante na prática médica mais cedo e, principalmente, integrá-lo à comunidade em que se pretende que vá atuar. Para isso, a universidade investiu na recuperação de unidades básicas de saúde (UBS) da região de Campinas e tem havido atendimento de qualidade, segundo Angélica. Os três deputados, assim como o presidente da comissão, Celso Giglio (PSDB), são médicos.



Valorização do profissional

Em seguida, Maria do Patrocínio Tenório Nunes, que é professora de clínica geral da Universidade de São Paulo (USP), defende que é preciso valorizar com salários diferenciados o professor e o médico que atuam na rede pública, área rejeitada pela maioria e, por via de consequência, pelos estudantes, em sua quase totalidade oriundos da elite da sociedade e não conhecedores dos problemas sociais. Entretanto, Maria do Patrocínio explicou que a falta de médicos no atendimento primário é um problema no mundo todo. Mesmo a definição de quais são as prioridades na área médica é um processo recente.

Outra questão defendida pelas expositoras, que teve apoio unânime dos deputados, foi o rigor na avaliação. Para as profissionais, a avaliação do aluno acaba por resultar também na avaliação de todo o sistema: "É uma retroalimentação do que se tem feito", disse Maria do Patrocínio. Ela concorda com o deputado José Augusto, que acha que as instituições devem ser responsabilizadas pelo erro médico junto do profissional, já que foi a instituição que deixou o médico se formar sem ter condições de exercer a medicina. Além disso, a forma de ingresso na escola médica também é falha, na opinião da médica, pois leva em conta apenas nota obtida em exame de conhecimentos, sem uma avaliação vocacional do estudante, como é feito em diversos países. Quanto ao ingresso de alunos de outras camadas sociais, ela informou que na USP já há cerca de 1/3 (66 em um universo de 180) alunos que estudaram somente em escolas públicas.

Uebe Rezeck, relator da CPI, propôs formar uma comissão estadual para verificar se escolas de medicina estão adaptadas a normas mínimas de funcionamento, sob pena de redução de vagas e até de medidas mais duras (veja reportagem sobre a reunião da CPI de 20/10, publicada no Diário da Assembléia de 21/10, com o título "Segundo o Mec, regras rigorosas limitam a criação de cursos de medicina"). José Augusto defende mudanças radicais nas escolas médicas, desde a forma de ingresso até a modificação da grade curricular e o tempo de formação.

Compareceram ainda à reunião os deputados João Barbosa (DEM) e Célia Leão (PSDB). Fausto Figueira registrou o nono aniversário da morte de David Capistrano, médico sanitarista e ex-prefeito de Santos.

alesp