A Páscoa simboliza a renovação da fé, a prática mais intensa da caridade, a vivência profunda da fraternidade e dos valores da vida familiar. O cristianismo celebra a ressurreição de Jesus Cristo, os judeus comemoram o "Pesach", ou seja, a libertação e fuga de seu povo escravizado no Egito, enquanto os muçulmanos praticam o jejum ritual durante o "Ramadam". Enfim, para diferentes religiões, diversos credos, há o momento em que se renova cada um dos seus valores éticos, morais e religiosos.

Para os cristãos, como eu, a Páscoa é uma festa familiar marcada pelo doce do ovo de chocolate e da colomba pascal, que dão sabor a esta confraternização. Olho tudo isso, me emociono, porque essa cerimônia integra a história da minha vida, marca a minha convivência familiar, além de ser um momento especial de reflexão, que intimamente e socialmente sempre nos faz renovar os fundamentos daquilo que constitui os nossos valores.

Um resgate que se faz necessário diante do culto ao individualismo que esta em marcha na nossa sociedade. Vivemos um momento em que os ídolos instantâneos se multiplicam, temos uma verdadeira proliferação de super-heróis. São modelos famosas, pilotos de automobilismo, jogadores de futebol, cantores, que tem sua vida particular acompanhada e vivenciada, como se cada um de nós projetasse nestas pessoas parte de sua expectativa de realização pessoal.

Não tenho nada contra os heróis, triste a nação que não os têm. Estes podem servir de referências de comportamento e para relembrar momentos históricos. Mas, fico com o coração apertado, quando vejo que a galeria de referências está se restringindo a celebridades, algumas delas que nada têm a acrescentar, do ponto de vista de valores morais e éticos, e poucas podem ser apresentadas pelos pais como exemplos a serem seguidos pelos seus filhos " Venceram sozinhos, se tornaram milionários, cultivam amores frívolos que duram até a próxima edição da revista de fofoca e só...

Será isso a base de uma sociedade que queremos construir? Penso muito nisso e acredito que este processo de individualização em nada acrescenta à coletividade. Acabam nos impondo padrões de beleza e de consumo, estabelecendo a "ditadura do umbigo", onde as pessoas se diferenciam pelo que têm e não pelo exemplo que passam. Estamos disseminando a frustração, afinal, quantas Giseles e Ronaldinhos podemos produzir? Em contrapartida, quantos desejam se envolver em atividades sociais?

Por tudo isso, desejo que nesta Páscoa olhemos junto com a família pela coletividade, com solidariedade, amor em nossos corações e com a certeza de que há alternativas. Semeando um pensamento mais solidário, uma participação comunitária, um momento em que se valorize a ação coletiva e os bons exemplos de dedicação, muitas vezes anônimos. Aí sim, poderemos ter uma páscoa de renascimento e reafirmação de valores.

A Páscoa é um momento de esperança, de reiterar os votos para um mundo mais justo e fraterno. Que este sentimento não se resuma a uma data específica, mas seja uma constante durante toda uma vida.



Deputado Arnaldo Jardim

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