Em fases opostas, Giuseppe Ranzini estabelece largos acordes que equilibram as dissonâncias

Acervo Artístico: Emanuel von Lauenstein Massarani
12/11/2004 14:00

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O que caracteriza a arte de Giuseppe Ranzini é, antes de tudo, a impressão de uma impetuosa sinceridade. Excelente pintor figurativo, decidiu quase improvisamente abandonar as imagens "verdadeiras". Embora, não se possa dizer que o artista tenha recomeçado do zero, parece-nos que tenha mantido, de sua bagagem de experiências, o elemento mais precioso: uma forma primária e esotérica que está na base de todas as coisas.

Procurou dar vida às massas cromáticas que dentro de espaços geométricos parecem criar verdadeiros vitrais, onde os anelídeos formam uma espécie de "tachismo". Tais contrastes possuem um significado bem explicito nas pinturas de hoje.

O toque é franco, direto, sem qualquer "maneirismo", expressando uma ardente sensibilidade, seja figurativa de uma fase anterior, seja na atual, representativa de estados de alma imaginários. Ambas exaltam a virtude de uma matéria cromática que encanta e eleva o espírito. Os meios pictóricos de que o artista dispõe poderiam ser definidos no âmbito de um "revival" técnico expressionista.

O artista possui o gosto e o ardor pelas cores. Em sua pintura existe ritmo e movimento: um sistema de ritmos e de pausas, de sonoridade e de silêncios, capazes de transformar a obra numa composição sinfônica, onde a pintura encontra uma exata equivalência musical. Ele consegue estabelecer fortes e largos acordes, por meio dos quais se equilibram as dissonâncias como o fazem os mestres da música.

Sua criação estrutural está aberta a uma serie de liberdades. Sob as aparências da espontaneidade, sente-se, na obra desse artista uma comunicativa espiritualidade. Trata-se de uma pintura feita de imagens que nascem da ruptura de todo esquema construtivo e pertencem a um simbolismo fantasioso, hoje cada vez mais de moda. Elas refletem um caos, com última prospectiva de um presente sempre mais incerto.

As obras de Giuseppe Ranzini - seja nas paisagens de sua fase inicial, seja nas fantásticas interpretações de temas menos figurativos - nos tocam pela sua magistral execução. "Borda ao longo do Sena em Saint Mammés" e "Cromogeometria anelar", obras doadas ao Acervo Artístico do Parlamento Paulista, espelham perfeitamente as duas fases desse pintor. Na primeira, o artista desenvolve com paixão emoções puras, definidas e de uma rara intensidade. No segundo, podemos admirar como o pintor soube conferir, aos abalos sísmicos do mundo contemporâneo, harmonia e equilíbrio.

O Artista

Giuseppe Ranzini, nasceu em Milão, Itália, no ano de 1944. Chegou ao Brasil em 1952. Desde criança foi influenciado por seu tio, o pintor paisagista Attilio Fesce, iniciando-se assim nas artes plásticas. Formou-se em direito pela Faculdade de São Bernardo do Campo (1975), pós-graduação em administração pela Fundação Getulio Vargas do Rio de Janeiro (1976) e estudou belas artes na Associação Brasileira de Artes (1965 e 1966).

Paralelamente às atividades profissionais no setor farmacêutico, realizou em 1960 estudos de desenho e pintura. Durante os anos de 1980 e 1990, por razões profissionais, transferiu-se para a França e, posteriormente, para o Peru, para assumir funções diretivas na empresa onde trabalhou.

Participou e realizou diversas exposições coletivas, no Brasil e Exterior, sendo agraciado com Menções Honrosas e Prêmios: no III Salão de Agosto Asba, XII Salão de Arte de São Bernardo do Campo, I "Balancarte" Salão de Artes Plásticas Universitárias FDSBC, (1969); IV Salão de Agosto Asba, XIII Salão de Arte de SBC, II "Balancarte" Salão de Artes Plásticas Universitarias FDSBC, 1o Prêmio de Pintura Acadêmica, (1970); III Salão da Paisagem de SBC, (1977); "Homo Sapiens'', Pinacoteca Municipal de São Bernardo do Campo (1983); Salon Internacional de Verano Ancón, Lima, Peru (1987); "Giuseppe Ranzini Y Su Arte", Galeria Borkas, Lima, Peru (1988); "Encontro das Artes", Espaço Cultural Alphaville, SP (2000); Catalogado III Volume Cofrart, (2001); XIII Volume "Artes Plásticas Brasileiras'', (2002); "Expressões" D`Palombino, Galeria de Artes, Alphaville São Paulo (2003); "Retrospectiva'', Espaço Cultural Cef Alphaville São Paulo, (2004).

Entre suas exposições individuais, destacam-se: "Desassossego", Galeria de Arte Casa de Portugal de São Paulo (2003); "São Paulo 451 Visões", Galeria Cassiano Araújo, Shopping Eldorado; "Obras em Grandes Formatos", Espaço Henfil de Cultura, Prefeitura de São Bernardo; "IV Salão Universo Feminino" Espaço Cultural Prodam, Parque Ibirapuera, SP; "VII Festival do Japão", Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo; "Imagens do Sol Nascente", Galeria Cassiano Araújo, Espaço Cultural do Shopping Center "D"; "Anelídeos", Galeria de Arte da Casa de Portugal de São Paulo; "Panorama da Arte Brasileira"; "Giuseppe Ranzini de Volta Às Origens", Teatro Municipal Cacilda Becker, Paço Municipal de São Bernardo Do Campo; "II Mostra Darcy Penteado de Arte", Alliance Française, SP, Galeria Cassiano Araújo, SP (2004).

Sua obra está catalogada no III volume Cofrart (2001); XIII volume "Artes Plásticas Brasileiras" (2002) e no Anuário Luso Brasileiro editado em Portugal.

alesp