Criar das formas de barro ou de pedra, dar corpo a imagens não acontece sem labor e suor. Alguns escultores, como Giacometti, dão capital importância ao local, ao espaço onde a obra é colocada, bem como à atmosfera que a circunda. Henry Moore esculpe o vazio e suas formas se transformam em "Ecrine". Outros escultores e Elizabeth Tudisco estão entre eles, pensam que não há razão para todas essas coisas se misturarem à escultura: por que não? Existe sem dúvida a marca da tradição que faz com que o olhar do artista seja condicionado por sua infância. O tema da escultura de Elizabeth Tudisco permanece preferencialmente o nu ou o retrato feminino, motivos escolhidos para definir uma espécie de realismo de tipo lírico-simbólico, embevecido de ecos remotos, furtivamente alusivos, quase a sugerir com isso uma condição todavia perdida. A sua fuga do tempo se revela então uma ocasião para afrontar mais o sentimento de um reconhecimento particular ideal, mas não alusivo, que a atualidade de uma recuperação vagamente solicitada. Dessa cultura figurativa a escultora obtém sutis elos que estabelecem uma fértil continuidade de imaginação. Conseqüentemente, sobressai de sua obra um excesso estilístico, caracterizado por uma elegância ilustrativa, rica de meios escultóricos "alla greca". O todo serve para despertar e reencontrar a essência de certas sutilezas atmosféricas, o gosto refinado por uma figuração entregue a formas de insinuante sinuosidade, ênfase que reverbera as doçuras mais secretas de uma civilização imaginativa, liricamente visionária. Plenitude das formas, sensualidade levada ao máximo, carregada de um orvalho como os brotos na primavera: é a imagem que se oferece ao primeiro olhar. A consciência da dificuldade de real comunicação entre os homens nela gerou a necessidade de se exprimir, plasmando no barro o seu sentimento, o seu pensamento e suas eventuais insatisfações interiores. Na obra "A dama com máscara", doada ao Museu de Arte do Parlamento de São Paulo, estão claramente representadas as diversas fases evolutivas conceituais e técnicas onde a artista exaustivamente imprime a problemática do momento, expressão de uma única temática de fundo. A artista Elizabeth Tudisco, pseudômino artístico de Elizabeth Boribello Tudisco, nasceu em São Paulo, em 1948. Formou-se pela Escola Panamericana de Arte (1982). Realizou cursos de desenho com os professores Bastilha (1965), Cencini e Martini (1980). Foi aluna de Durval Peireira e Salvador Rodrigues, em pintura a óleo, e de Calabrone, Santos Lopes (1990) e Ângela Bassan (1999) em escultura. Participou das seguintes exposições: XI Salão Limeirense de Arte Contemporânea, Ordem Rosa Cruz (1984), Sala Portinari, Núcleo de Arte Nova Era, SP, II Salão Poço Caldense de Belas Artes, II Salão de Mococa (1985), I Bienal do Anuário Latino-Americano de Artes Plásticas, Centro Cultural São João da Boa Vista (1987), Espaço Cultural C. A. Paulistano, Espaço Leonardo Da Vinci, Galeria Malí Villas Bôas, Esporte Clube Sírio (1998), Sociedade Antioquina do Brasil, Casa da Fazenda do Morumbi, Centro Cultural Tcheco, Open Studio do Hotel Intercontinental (1999), Espaço Leonardo Da Vinci, Casa da Fazenda do Morumbi, I Salão Oficial de Artes Plásticas Aricanduva, I Exposição Ação Coração, Casa da Fazenda do Morumbi (2000), Novo Milênio, Centro Cultural Árabe Sícilio (2001), 15º Salão de Arte da Associação Comercial de São Paulo - Distrital de Pinheiros (2002), Fundação Gregório de Matos, Salvador, Biblioteca Municipal de Abrantes. Possui obras em diversas coleções particulares e oficiais, no Museu de Arte do Parlamento de São Paulo e no Museu de Arte do Esporte Olímpico.