A DROGA E SEUS TERRÍVEIS EFEITOS - OPINIÃO

Afanasio Jazadji*
16/08/2001 16:02

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O conceituado psicanalista argentino Eduardo Kalina, especialista em tratamento de drogados e em prevenção contra o uso de tóxicos, esteve há poucos dias no Brasil e fez uma dura advertência. Kalina disse que o cérebro nunca esquece a sensação provocada pela droga, seja qual for essa droga. Para esse psicanalista de Buenos Aires, um dependente de tóxico conseguirá a cura somente se partir para uma total abstinência, incluindo bebidas alcoólicas e até mesmo o cigarro, ainda tão tolerado em alguns setores da nossa sociedade. Só para situar a questão, convém lembrar que Eduardo Kalina fez, nos últimos anos, várias palestras em São Paulo e tratou de pessoas famosas afetadas pelo vício das drogas, entre as quais a atriz brasileira Vera Fischer e o ex-craque argentino Maradona. Kalina deixou claro que o risco de uma recaída em tratamentos é muito maior quando o paciente não se dispõe a se afastar por completo das drogas. Foi o que aconteceu, por exemplo, com a própria Vera Fischer e com Diego Maradona. Essa postura do psicanalista argentino entra em choque com teses de teóricos apressados e duvidosos, que afirmam não ver problemas em drogas mais leves, como a maconha. Ele contesta isso, dizendo que a maconha é a porta de entrada para outras drogas. Alguns setores do governo brasileiro, certamente pressionados por grupos estranhamente defensores da legalização do uso da maconha, estão tentando deturpar a visão de nossa opinião pública a respeito da dependência provocada pelas drogas, mesmo por aquelas mais fracas, como a maconha. É um grande absurdo mesmo. Infelizmente, multiplicam-se pelo nosso País declarações otimistas a respeito das estratégias de redução dos danos provocados pelos tóxicos. E, geralmente, a desinformação está de mãos dadas com o propósito de legalizar a maconha no Brasil. Recentemente, por exemplo, o Canadá decidiu legalizar a maconha, porém apenas para fins terapêuticos. Uma parte da mídia brasileira e certos grupos, entretanto, tentaram mostrar para nossa população que um país adiantado, como o Canadá, já se tornava flexível diante das drogas, a exemplo do que ocorre na Holanda. Um cidadão de 37 anos, morador da cidade de Taquaritinga, no interior paulista, enviou uma carta para o jornalista Carlos Alberto Di Franco dizendo que começou com a maconha aos 14 anos de idade e depois acabou partindo para as drogas injetáveis. Para sair do vício, essa pessoa teve muito trabalho e passou por enorme desgaste. A vitória sobre as drogas só ocorreu a partir de uma abstinência total. Penosa e demorada. O governo federal tem de pensar nisso com firmeza. Não deve se curvar às pressões de certos deputados que fazem a apologia da maconha. Tem de haver um basta a qualquer tentativa de mostrar que as drogas não são um grave problema. São, mesmo, um problema de extremo perigo, que destrói lares e pessoas. Convém ficar atento quanto a essa verdade. Os tóxicos interessam apenas para os traficantes, que a cada dia mais avançam sobre o Brasil, como demonstram as estatísticas. Foi-se o tempo em que nosso País era apenas um corredor da cocaína exportada da Colômbia, do Peru e da Bolívia para os Estados Unidos e para a Europa. A droga está presente entre nós. Terrível ameaça.

Afanasio Jazadji é advogado, jornalista, radialista e deputado estadual pelo PFL

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