Jornalistas brasileiros pedem investigação internacional sobre a morte de profissionais no Iraque


15/04/2003 21:02

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Ato solene em homenagem à memória dos jornalistas mortos na guerra no Iraque<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/hist/JMortos150403.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> O Auditório Franco Montoro reuniu jornalistas, representantes de empresas de comunicação, entidades que lutam pela cidadania, pela paz, representantes da sociedade civil, políticos e autoridades<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/hist/JMortosA150403.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a>

DA REDAÇÃO

A manhã desta terça-feira, 15/4, foi marcada por ato solene em homenagem à memória dos jornalistas mortos na guerra no Iraque. Reunidos, representantes da categoria manifestaram seu repúdio e pediram investigação internacional sobre as mortes ocorridas, além de reafirmar a esperança de reconquistar as liberdades de informação que a imprensa já exercia.

O deputado Renato Simões, vice-líder do PT, solicitante da homenagem, leu os nomes dos profissionais mortos, as empresas para as quais trabalhavam e o público permaneceu de pé, ouvindo o toque de silêncio. O Auditório Franco Montoro reuniu jornalistas, representantes de empresas de comunicação, entidades que lutam pela cidadania, pela paz, representantes da sociedade civil, políticos e autoridades como o vice-cônsul da Síria em São Paulo, Elias Bara.

O jornalista Ayoub Ayoub, membro do Comitê Executivo do Grupo da América Latina da Federação Internacional dos Jornalistas (FIJ) e diretor do Departamento de Relações Internacionais da Federação Internacional dos Jornalistas (Fenaj), declarou que a FIJ pediu uma investigação internacional independente, para que seja esclarecido o assassinato dos jornalistas no Iraque, que tem todas as características de "crime de guerra". Também os iraquianos, lembrou ele, usaram civis e jornalistas como escudo humano.

Ayoub comentou o trabalho do correspondente de guerra de preconceituoso e parcial, desde a forma como os profissionais forneciam as informações, com carregado uso de expressões preconceituosas, até a falta de conteúdo, onde não se esclarecia a cobertura, as razões daquela guerra a fundo. Ayoub disse, ainda, que a ação do governo americano é, na essência, "uma tentativa de calar a imprensa".

Renato Simões lembrou que talvez nenhuma vítima desta guerra seja mais simbólica do que aquelas que foram mortas de maneira deliberada. Ao declarar seu repúdio à guerra, reafirmou apoiar a liberdade de imprensa. Também o deputado Arnaldo Jardim prestou sua homenagem aos jornalistas mortos e afirmou que "a verdadeira história dessa guerra não foi mostrada nem escrita", referindo-se à manipulação de informações nesse conflito.

Para Verônica Goyzueta, diretora-geral da Associação dos Correspondentes Estrangeiros de São Paulo, "vivemos o atropelo no país, na ONU, na imprensa".

O jornalista Everaldo Gouveia, vice-presidente da Fenaj, manifestou, em nome da entidade e do Sindicato dos Jornalistas de São Paulo, seu repúdio à guerra como forma de se resolver um conflito. Ele declarou que é muito importante a realização de manifestações como esta, para que a liberdade se amplie e, conseqüentemente, a "imprensa possa mostrar a realidade desses conflitos."

José Hamilton Ribeiro, que foi correspondente de guerra no Vietnã, se disse emocionado por fazer parte de uma geração de brasileiros que sobreviveu à ditadura militar. Ribeiro elogiou o ato solene realizado pela Assembléia Legislativa, que, segundo ele, deve empenhar-se pela realização das investigações internacionais sobre as mortes dos colegas, "e para que se punam os responsáveis".

alesp