DA REDAÇÃO O PPS não vai assinar pedido de CPI para investigar caso de cobrança de propina que envolve o ex-subsecretário de Assuntos Parlamentares da Casa Civil, Waldomiro Diniz. Esta foi a posição manifesta pelo presidente nacional do partido, deputado Roberto Freire, nesta quarta-feira, 18/2, em vista à Assembléia Legislativa de São Paulo. Apesar de ser pessoalmente favorável a CPI, Freire disse se o governo não a quiser, dificilmente ela acontecerá. As posições dos integrantes do PPS são iguais às de outros partidos: há os que a apóiam e os que não apóiam. A postura dominante é não assinar o pedido da comissão de inquérito até que haja a definição dos encaminhamentos de investigação pela Justiça, pela Polícia Federal e pelo Ministério Público. "O governo não pode tergiversar", advertiu Freire. O deputado chegou a dizer que no lugar de Lula teria aceitado o pedido de afastamento do ministro José Dirceu."Somos parte do governo. Temos um ministro (Ciro Gomes, da Integração Nacional). E não é do meu feitio ser dissidente. O PPS não vai fechar questão. Aceitamos ouvir o ministro Aldo Rebelo sobre as medias adotadas pelo governo para apurar o caso". Roberto Freire disse que sempre assinou pedidos de CPI e que, durante o governo Itamar Franco, defendeu afastamento de ministros que foram colocados sob suspeitas. Lembrou o caso do ministro Hargreaves, que deixou seu cargo até que se comprovou sua isenção de culpa. Em sua avaliação, o episódio do governo atual não é de pequena monta. Trata-se do envolvimento de um funcionário do primeiro escalão da presidência da República. "Isso é grave. Particularmente para o PT, que está enfrentando agora no governo o que muitos consideravam, até há pouco, inimaginável".Reforma PolíticaO deputado considera importante aproveitar o momento para requerer urgência na tramitação da reforma política. "O financiamento público de campanha é uma medida que melhorará o nível ético da política brasileira." Freire avalia, entretanto, que as mudanças referentes às listas partidárias pré-ordenadas vão ser rejeitadas pelos parlamentares. "O que a sociedade gostaria de ter, os políticos não gostariam e vice-versa", afirmou. Freire também falou sobre as eleições municipais deste ano. Disse que o PPS já tem muitos pré-candidatos em diversos municípios e que sempre considerou importante as alianças no campo democrático. Em São Paulo, o partido vai decidir entre três pré-candidatos: os deputados estaduais Arnaldo Jardim, Romeu Tuma Júnior e o deputado federal João Hermann. O presidente do Diretório Municipal do PPS, Carlos Fernandes, disse que o candidato à prefeitura de São Paulo será escolhido em abril. O nome escolhido será levado à convenção do Partido em junho.Freire avalia que a performance eleitoral do partido será melhor do que foi em 2000. Naquele ano o PPS disputou em cerca de 800 cidades. Em 2004 vai disputar em 1.500 municípios, "com candidaturas competitivas nas principais capitais brasileiras". O presidente do PPS considera que a estrutura do partido demonstra que sua proposta é vitoriosa. Defendendo a bandeira da reforma do Estado brasileiro, a legenda apoiou as medidas de Fernando Henrique Cardoso e, no governo Lula, apoiou a reforma da Previdência, com o voto dos seus 20 deputados federais. Nesse sentido, diz Freire: "Nossa posição em relação às reformas do estado brasileiro são até mais aprofundadas do que a do PT. Estamos crescendo como um partido de esquerda e democrático. E agora podemos afirmar que o PT reconhece muitos dos nosso pontos de vista e que somos hoje o principal partido de esquerda da base do governo Lula".Congresso Nacional do PPSRoberto Freire deve ser reconduzido à presidência do partido, no XIV Congresso Nacional do PPS, que acontece no dia 25 de março, em São Paulo. A data é simbólica, pois marca a fundação do Partido Comunista Brasileiro, o velho partidão. Na programação, está previsto um dia para discussões com intelectuais e militantes sobre o pensamento histórico da esquerda brasileira e o governo Lula. "Pretendemos ouvir as diferentes vertentes da esquerda brasileira e o que elas pensam do governo Lula. Não adianta pensar que Lula e o seu governo precisam de áulicos, mas sim de aliados críticos." Freire arrematou dizendo ser inadmissível que não se discuta algumas alternativas para a política econômica.