Opinião - Se beber não dirija

"A cada treze minutos, uma família chora a perda de um parente morto em um acidente nas estradas e ruas brasileiras"
18/11/2011 21:42

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A frase que dá nome a este texto é de conhecimento de quase todos, além de ser exaustivamente repetida pelos meios de comunicação. Mas o repetitivo conselho dado à população não tem surtido efeito. Dados da Polícia Militar mostram que, apesar do número crescente de acidentes fatais envolvendo motoristas alcoolizados no trânsito, o paulistano está bebendo mais antes de dirigir. O número de motoristas bêbados flagrados pelas blitze da PM entre janeiro e setembro deste ano já é 38% maior do que a soma de todo o ano de 2010.

Os excessos cometidos pelos motoristas vêm alcançando números alarmantes e o resultado pode ser verificado nos noticiários, que expõem aos montes casos de acidentes com vítimas muitas vezes fatais. No final do mês passado três garis foram atropelados por um motorista que apresentava sinais de embriaguez, dois deles morreram e um ficou ferido. Após o acidente, o motorista que dirigia um carro de luxo se negou a fazer o teste do bafômetro.

O número de pessoas mortas nas ruas e estradas brasileiras nunca foi tão alto. A cada treze minutos, uma família chora a perda de um parente morto em um acidente nas estradas e ruas brasileiras. Mas, infelizmente, no Brasil a lei que se refere aos crimes de trânsito ainda deixa muito a desejar: dirigir bêbado, por exemplo, é crime passível de punição apenas quando resulta em tragédia. Na última década, o número de fatalidades subiu mais de 30%. Tentando combater ao menos minimamente este tipo de crime, apresentei o Projeto de Lei 359/2011, que proíbe a comercialização de bebida alcoólica de qualquer espécie e teor, bem como a concentração, aglomeração ou reunião de pessoas com o intuito do seu consumo nas dependências dos postos de gasolina no Estado.

O projeto apresentado segue a proposta da Lei Federal 11.075, de 2008, que modificou dispositivos do Código de Transito Brasileiro e impôs penalidade ao condutor que dirigir sob o efeito do álcool. A comercialização da bebida alcoólica em postos de gasolina está em desacordo com a política nacional do "se beber não dirija".

Estudos recentes feitos em São Paulo e Distrito Federal mapearam os casos de acidentes com vítimas fatais e, em 40% das vezes, o motorista, passageiro ou pedestre que morreu havia consumido uma dose bem elevada de álcool. Outra pesquisa sobre o assunto foi realizada pelo governo federal em 2007, os dados coletados revelaram que 40% dos entrevistados admitiram ter misturado álcool e direção.

Os números parecem exagerados? De forma alguma. Apenas neste ano pudemos acompanhar diversos casos de acidentes graves envolvendo motoristas alcoolizados, mas não podemos esquecer que a maioria dos acidentes nem ao menos recebeu destaque na imprensa. Dentre os que foram exaustivamente comentados, podemos citar as imagens do Camaro vermelho pilotado por um jovem de 19 anos que, alcoolizado, em um espaço de uma hora e meia, causou uma sequência de seis colisões, dois atropelamentos e só parou após bater contra uma towner e provocar sua explosão. Nela estava o motorista Edson Domingues, de 55 anos, que morreu após ficar internado na UTI, com 90% do corpo queimado.

Esse caso, assim como tantos outros, exemplifica a violência deste tipo de crime, que mata ou deixa marcas permanentes em suas vítimas. Mais do que nunca é importante rever e atualizar a nossa legislação no que se refere aos crimes praticados no trânsito. Quantas outras pessoas terão que morrer ou ficar com sequelas para que algo seja feito?



*Gilmaci Santos é deputado estadual pelo PRB e presidente estadual do partido

alesp