Dentro de um ano devem estar prontos um diagnóstico e um plano estratégico de combate ao tráfico de animais silvestres no Estado de São Paulo. O estudo está sendo desenvolvido pela ONG Rede Nacional de Combate ao Tráfico de Animais (Renctas), com o apoio do Fundo de Parceria para Ecossistemas Críticos (CEPF), entidade internacional sediada em Washington.A informação foi prestada pela coordenadora de projetos da Renctas, Ângela Branco. Ela participou do "Seminário sobre Preservação de Psitacídeos" nesta sexta-feira, 9/6, na Assembléia Legislativa, uma realização da Liderança do Partido dos Trabalhadores, sob a coordenação do deputado Adriano Diogo.Comércio ilegalPara combater o tráfico de animais silvestres, a Renctas tem como pilares, além de políticas públicas, a atuação nas áreas de informação e educação e o desenvolvimento de políticas de conservação, de preservação de espécimes e da natureza. Segundo Ângela, o tráfico no Estado tem como principal rota a capital, graças à ampla malha de transportes, como aeroportos, para o mercado internacional. Lojas de animais e indivíduos que querem ter um animal de estimação silvestre, além de colecionadores e zoológicos clandestinos, são o elo final dessa cadeia.Ela afirmou que o tráfico de animais é o terceiro colocado no ranking mundial do comércio ilegal, perdendo para os de armas e drogas e movimentando de US$ 10 bilhões a US$ 20 bilhões. Ao citar dados do tráfico no país, Ângela reportou-se a cerca de 4.500 anúncios de venda de animais silvestres na Internet em 2002.PreservaçãoLuiz Fábio Silveira, do Departamento de Zoologia e do Museu de Zoologia da USP, apresentou estudo com a ararajuba, ave brasileira de plumagem verde e amarela, endêmica do Brasil, realizado no município de Tailândia, no Pará. Segundo ele, o tráfico desta ave é grave. "Na região, os filhotes são escassos, além de serem derrubadas árvores nobres para tirá-los do ninho." Lembrou ainda que o desmatamento, além de programas do governo para o desenvolvimento da Amazônia, que acentuam a mudança de hábito da ave, e a captura para a venda em Belém são fatores de sua extinção.Segundo Ricardo Magalhães, presidente da ECO Associação, promotora do evento, o objetivo do seminário é apresentar um plano de manejo e discutir projetos de preservação de psitacídeos (papagaios, araras e periquitos). Uma das aves que podem se beneficiar dessas iniciativas é o papagaio-de-peito-roxo, ameaçado de extinção, sendo que no Vale do Ribeira, onde a ECO desenvolve um programa, existem hoje cerca de 200 exemplares dessa espécie.Para um público de militantes da área ambiental, pesquisadores e ornitólogos, ele reafirmou que as maiores ameaças para as várias espécies são o tráfico e a diminuição das florestas.