Artur de Azevedo: dramaturgo, cronista, poeta


21/10/2002 18:00

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DA REDAÇÃO

Vinte e dois de outubro é aniversário de morte de Artur de Azevedo, uma das figuras mais expressivas do nosso teatro e de nossa poesia.

Artur Nabantino Gonçalves de Azevedo nasceu em São Luís (MA), em 7/7/1855, e faleceu em 22/10/1908, no Rio de Janeiro (RJ). Atuou ao lado de Martins Pena e Aluísio de Azevedo, seu irmão, na fundação da Academia Brasileira de Letras.

Filho de David Gonçalves de Azevedo, vice-cônsul de Portugal em São Luís, e de Emília Amália Pinto de Magalhães, uma mulher que naquela época já havia se separado de um comerciante, com quem se casou contra a própria vontade, passando a viver com o pai de Artur. Tiveram cinco filhos, três meninos e duas meninas. O casamento somente ocorreu, após a morte do primeiro marido, ocasionada por febre amarela.

Desde muito cedo Artur já demonstrava aptidão para o teatro, e sem maiores esforços transformava em peças textos de autores como Joaquim Manuel de Macedo. Começou trabalhando no comércio, depois foi empregado na administração provincial, foi demitido por ter publicado sátiras contra autoridades do governo. Simultaneamente lançava as primeiras comédias nos teatros de São Luís. A peça escrita por ele aos quinze anos, Amor por anexins, foi muito bem sucedida e pode contar com mais de mil representações no século passado. Embora tenha se desentendido com a administração provincial, concorreu ao preenchimento de vagas de amanuense da Fazenda a conseguiu a classificação, transferindo-se para o Rio de Janeiro, no ano de 1873. Em pouco tempo conseguiu emprego no Ministério da Agricultura.

Lecionou português no Colégio Pinheiro, todavia foi no jornalismo que ele pôde projetar-se como um dos maiores contistas e teatrólogos brasileiros.

Publicações literárias, como Vida Moderna, O Álbum e A Gazetinha foram instituídas por Artur de Azevedo. Ao lado de Machado de Assis, pôde colaborar em A Estação e no jornal Novidades, onde seus companheiros eram Olavo Bilac, Coelho Neto, Alcindo Guanabara e Moreira Sampaio. Em seus artigos sempre demonstrou ser um grande defensor da abolição da escravatura. A peça O escravocrata é um exemplo disso, tendo sido censurada e publicada mais tarde em volume.

Escreveu mais de quatro mil artigos sobre eventos artísticos, principalmente teatro. Utilizou muitos pseudônimos como Elói, o herói, Gavroche, Petrônio, Cosimo, Juvenal, Dorante, Frivolino, Batista, o trocista, e outros. Dirigiu com Lopes Cardoso, a partir de 1879, a Revista do Teatro.

No volume Contos possíveis, publicado em 1889 e dedicado a Machado de Assis, reuniu alguns contos, escritos desde 1871. Publicou Contos fora de moda em 1894, que continha histórias curtas, e mais dois volumes, Contos cariocas e Vida alheia, feitos a partir de histórias deixadas por Artur de Azevedo nos vários jornais que trabalhara.Temas rotineiros cariocas como infidelidade, relações de família ou de amizade, ocasiões festivas ou fúnebres foram assunto para suas histórias.

Deu continuidade ao trabalho de Martins Pena e de França Júnior no teatro. Nas comédias de Artur podemos obter um documentário sobre a evolução da então capital brasileira, as quais sempre revelaram aspectos da vida e da sociedade carioca.

Em sua vida escreveu aproximadamente cem peças de vários gêneros, sendo mais de trinta adaptações de peças francesas, encenadas em palcos nacionais e portugueses. Ainda hoje permanece vivo como a expressão vocacional do teatro brasileiro, como nos mostram as peças A capital federal, A jóia, O mambembe e A almanarra, entre outras.

Dedicou-se também à poesia, representando o parnasianismo apenas cronologicamente, porque Artur Azevedo, alegre e comunicativo, não tinha nada a ver com essa escola. Ele era um poeta basicamente lírico e sensível, e seus sonetos estão enquadrados na tradição amorosa dos demais sonetos brasileiros.

Fonte: Academia Brasileira de Letras.

alesp