Como parte das festividades dos 50 anos da Sociedade Brasileira de Cultura Japonesa " Bunkyo, foi realizado no auditório Franco Montoro da Assembléia Legislativa, nesta sexta-feira, 24/6, o Fórum Feminino das Mulheres Nikkeis. Fundada com o objetivo de preservar a cultura japonesa para seus descendentes e divulgá-la a toda sociedade brasileira, a Bunkyo tem como foco principal aprofundar a compreensão e a amizade entre os povos brasileiro e japonês.Na abertura do fórum, o cônsul-geral adjunto do Japão em São Paulo, Jiro Maruhashi, e o presidente da Sociedade Brasileira de Cultura Japonesa, professor Kokei Uehara, enalteceram o papel feminino da mulher na sociedade. Para Maruhashi, o fórum é de extrema importância, pois o Japão é muito conservador e ações desta natureza contribuem para mudar o tratamento dispensado às mulheres, adaptando-se aos padrões ocidentais. "Em 1989, foi aprovada lei no Japão que obriga as empresas a tratar com isonomia os funcionários, independente do gênero, o que foi uma evolução", disse Maruhashi, lembrando que o espírito de desafio das mulheres deve ser admirado e respeitado.O cônsul considera que o Japão enfrenta problemas, uma vez que a população idosa vem aumentando no país, ao passo em que diminui o número de crianças. "O governo japonês está atento e procura soluções. Passa a vigorar, no próximo dia 7/7, lei que permite aos homens usufruir de férias para cuidar dos filhos", afirmou o cônsul.O professor Uehara concordou com as palavras do cônsul e disse que a humanidade é feita de homens e mulheres, por isso incomoda profundamente o domínio dos homens em cargos públicos. "O fórum é o primeiro passo para que as mulheres " entre elas as nikeis " assumam cargos de comando na política local, estadual, nacional e internacional."Mesa debatedoraA mesa de palestrantes foi formada por diversas personalidades, que atuam em vários segmentos da sociedade. São elas: Wilma Motta, vice-presidente da Fundação Sérgio Motta; Consuelo Yoshida, desembargadora federal; Midory Higuchi, diretora do Memorial do Imigrante; Inês Kawamoto, vice-prefeita de Registro; Flávia Yuri Yamamura, capitão-tenente da Marinha do Brasil; Ayako Sakamoto, diretora do Colégio e Faculdade Brasília; Naomi Munakata, maestrina do Coral da Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo; Cecília Suzuki, artista plástica; Rita Okamura, coordenadora do Centro de Memória Audiovisual da Fundação Padre Anchieta; e a cineasta Tizuka Yamazaki.Wilma Motta abriu os trabalhos, comentando sua trajetória pessoal e a satisfação em participar de forma ativa nas mudanças da sociedade. Afirmou que o país passa por um momento marcante: "a consolidação da democracia, que nos dá força para enfrentar desafios". Wilma disse ainda que "o espaço para discussão do papel da mulher não pode ser adquirido por concessão, e sim direito adquirido mediante conquistas femininas".A cineasta Tizuka Yamazaki relatou que sua família, diferentemente de outras, foi marcada pelo matriarcado, já que tanto sua avó quanto sua mãe viuvaram muito cedo e tiveram de assumir as responsabilidades da casa. "Nunca me disseram que os homens é que dominavam", disse ela. A cineasta destacou o papel da mulher imigrante, sua relação com o trabalho, com a família e seu protagonismo nas transformações culturais.