Semana Padre Batista debate inclusão social dos negros


15/05/2008 20:46

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Inclusão social dos negros é debatida na Semana Padre Batista<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/05-2008/SEMANA PE BATISTA MESA 1 (2)ZE.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a>

Há 120 anos princesa Isabel assinava a Lei Áurea abolindo a escravatura no Brasil. Cento e vinte anos depois a comunidade negra ocupa as casas legislativas do país reivindicando direitos básicos, como o acesso à educação, igualdade no mercado de trabalho e o direito de manifestar-se religiosamente. Para debater essas questões, os deputados Simão Pedro, José Candido e Vicente Cândido, todos do PT, organizaram a Semana Padre Batista, com início nesta quinta-feira, 15/5, e encerramento sábado, 17 de maio.

O evento, que contou com as presenças de Matilde Ribeiro, irmã Lindaura Araújo, do escritor Ferréz (do Capão Redondo), do Babalorixá Francisco de Oxum, de Beto de Jesus e representantes de instituições do movimento negro ressaltaram a necessidade de as autoridades políticas, em especial da Assembléia Legislativa de São Paulo, de criarem e regulamentarem leis que beneficiem a comunidade negra.

Conforme os parlamentares, existe entendimento na Casa de, ainda no primeiro semestre de 2008, alguns dos 27 projetos de lei em tramitação no Legislativo paulista serem deliberados em Plenário.



Ocupação e desigualdade



Outro ponto destacado foi a divulgação do mapa de ocupação dos negros, em 13/5, Dia da Abolição da Escravatura, revelando que a distribuição da população negra no Brasil ainda hoje reflete a ocupação do país durante o período da escravidão. Ou seja, os pesquisadores apontaram a alta concentração de população negra (pretos e pardos declarados no senso de 2000) nos portos que atuaram como receptores de escravos: São Luís (MA), Salvador (BA), Recife (PE) e Rio de Janeiro (RJ). Os dados são de um estudo feito pelo IBGE a pedido da Secretaria Especial da Igualdade Racial da Presidência da República. "Dizem que no senso de 2010 será declarado que os negros formam a maioria do país", comentou Soninha, representante do SOS Racismo.

Maria Aparecida, outra representante do movimento negro disse que os negros só sairão do espectro de pobreza quando tiverem trabalho e renda decentes. Cidinha apelou aos grandes empresários do Estado que contratem mais negros com salários iguais aos demais funcionários. Segundo ela, a desigualdade salarial entre brancos e negros ainda é alarmante. "Representamos 56% da população e apenas 13,5% dos negros alcançaram nível gerencial nas empresas."

Preocupados com a estagnação da política para os negros, os participantes lamentaram o "conservadorismo" do Estado de São Paulo no que se refere aos direitos da comunidade negra. "A população negra do Estado tem que agir rapidamente. Essa Casa é nossa. Não dá para vermos o Executivo delegar leis e os 71 parlamentares da base aliada não as aprovarem. Até quando vamos deixar isso barato? Temos que ir para as cabeças", declarou Kika, ativista do Movimento das Mulheres Negras, que cobrou também mais respeito às mulheres negras.

Nesta sexta-feira, 16/5, o evento da Semana Padre Batista será realizado no Instituto do Negro Padre Batista, na Praça da Sé, e no sábado, 17, haverá missa afro em homenagem ao Padre Benedito Batista de Jesus Laurindo, na Paróquia Nossa Senhora de Casaluce, no Braz.



Quem foi Padre Batista



Benedito Jesus Batista Laurindo nasceu no dia 5 de agosto de 1952, na cidade de Matão, interior do Estado. Filho de gente humilde e desprovida de recursos financeiros, na infância Padre Batista foi obrigado a trabalhar como engraxate. Uma vez ordenado, em pouco tempo Padre Batista passou a atuar de forma corajosa e objetiva com as vistas voltadas para as questões cruciais que envolviam as crianças de rua, particularmente as que se encontravam na Praça da Sé. Foi o primeiro padre negro a tornar-se pároco por nomeação do Cardeal Dom Paulo Evaristo Arns. Para tanto, Padre Batista estruturou uma verdadeira rede beneficente e filantrópica para atender às pesadas demandas, fundando o Centro Comunitário do Menor, o Quilombo Central, o Instituto Mariana dos Bispos e Padres Negros, o Instituto do Negro e a Casa da Menina Mãe. Padre Batista faleceu aos 39 anos, em 10 de agosto de 1991, e o Instituto do Negro, em sua memória, passou a chamar-se Padre Batista, com o propósito de se dar continuidade às suas obras beneméritas.



Fonte: Portal Afro - www.portalafro.com.br

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