A obra de Mi Castelani revela o que foi e o que ainda deve ser

Emanuel von Lauenstein Massarani
31/10/2002 17:33

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Mi Castelani mais do que uma artista informal é uma dessacralizadora da forma. Na sua pintura, onde a cor substitui materiais como o betume e o cimento, entre outros, a imagem real é submetida a um rolo compressor e triturante. Trata-se de um rigoroso sacrifício a toda possível lembrança.

Com a força de um lento, inelutável buldozer nivelador, as suas imagens e seus relevos em massa acrílica são esmagados, no "leit motiv" das cores -- dos brancos, dos verdes e dos amarelos. Um novo mundo nasce de uma rigorosa emoção interior.

A pintora Mi Castelani traz para a superfície o ambiente subterrâneo das estruturas originais e no-lo apresenta, com a humildade que a caracteriza, numa proposta aberta a discursos que não têm a possibilidade de interrupção, pois que são projetados num futuro todo repleto de situações inconscientemente ancestrais.

Para concluir, podemos dizer que a artista representa "ad litteram" o mistério do nosso tempo que, com tanto cuidado, procura sair de um ritmo tradicional, usando o melhor do passado numa dimensão nova e atual, revelando o que foi e o que ainda deve ser.

Nessa mesma ordem de idéias, a obra Bons Ventos, que Mi Castelani ofereceu ao Acervo Artístico do Palácio 9 de Julho, reflete a expressão e a emoção em que se encontram, "pari-passu", a ordem e a clareza.

A Artista

Míriam Castelani Rodrigues Lopes, de onde surgiu seu pseudônimo artístico Mi Castelani, nasceu em São Paulo em 1953. Formou-se em Pedagogia, com extensão em Orientação Educacional e Magistério nas áreas de Psicologia, Sociologia e História da Educação, pela FAI.

Participou de numerosas exposições coletivas, a partir de 1998, recebendo menção honrosa no 56º Salão Livre, Acadêmico e Contemporâneo, Associação Paulista de Belas Artes (1998); prêmio Banco do Brasil no I Salão Oficial de Artes Plásticas e Design Lar Center, Academia Brasileira de Arte, Cultura e História (1998); XXIX Salão da Primavera, Associação Paulista de Belas Artes (1998); menção honrosa no IV Salão da Paisagem Brasileira, Associação Paulista de Belas Artes (1998); medalha de ouro no VIII Salão de Arte da ACM (1998); Talentos e Imagens Brasileiras em Hannover, Alemanha (1998); Colori e Forme Brasiliane em Roma, Itália.

Em 1999, expôs na Pinacoteca Gaffré Guinle; Câmara Municipal de Santo André; Paulistas no Pará na Galeria Debret, em Belém; XXX Salão da Primavera; XII Salão Ecológico e XXV Salão Paisagem Paulista, todos organizados pela Associação Paulista de Belas Artes.

No ano 2000 participou do VIII Salão da Natureza Morta; Salão Internacional do Petit Format; III Salão da Marinha; Mostra Comemorativa do Brasil 500 Anos; Espaço Cultural Infraero; e, no ano de 2001, na Galeria Mali Villas- Bôas, participou da exposição Trajetória do Século XX, além de receber o prêmio participação do 52º Salão Paulista de Belas Artes; Museo Nazionale di

Villa d´Este em Roma (Itália).

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