Ricardo Lorente: magia das cores e poder de transfiguração são características de sua pintura

Museu de Arte do Parlamento de São Paulo
21/05/2009 09:06

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<i>Implosão do abstrato</i><a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/05-2009/Obra Implosao.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Ricardo Lorente<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/05-2009/RicardoLorente.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a>

Tanto o papel quanto a tela constituem para Ricardo Lorente um campo de batalha sem fronteiras. O pintor enfrenta-os num trágico corpo a corpo, transformando através de seus gestos uma matéria passiva, inerte, em um ciclone passional, em energia cosmogônica e sempre irradiante.

É essa matéria convulsa sob uma vontade de ação que o interessa. A biologia dinâmica de um trabalho paroxístico, nascido de um êxtase, gera a força centrífuga de uma criação passional, onde cada quadro é um organismo vivo que se desenvolve seguindo suas próprias leis. Aí se inclui a primeira expressão do gesto enraivecido na nova estrutura plástica, num espaço revolucionário, expansivo, sem limite ao desejo.

É certo que tanto quanto Antoni Tapies, a "reverie de la matière" de Ricardo Lorente atinge profundezas inigualáveis. Seus óleos sobre papel ou sobre madeira são verdadeiras tábuas de meditação e sensibilidade epidérmica, respiração da terra e naturalmente respiração da alma.

A sabedoria dessa pintura está, em certo sentido, escondida. Não se nota. Ao contrário: temos a impressão, ao primeiro impacto, de um abalo dos sentidos. Depois a fantasia volta a ligar os nexos que pareciam dispersos e, seguindo a preciosa presença da luz, no interior da própria matéria, algo se agrega, a estrutura se recompõe. E a obra se torna, aos nossos olhos, um mundo recriado: a memória de algo que se infiltrou dentro de nós e que não sabíamos possuir. Uma revelação deslumbrante.

Magia das cores e poder de transfiguração são características marcantes da obra "Implosão do abstrato", doada por Ricardo Lorente ao Museu de Arte do Parlamento de São Paulo. No artista, em cujas veias fala alto o sangue de Cervantes, o filtro da memória depura a imagem, elimina os resíduos do contingente; permanecem o sumo, o perfume e o sabor de uma experiência direta, sensual, repleta de fragrância e sensações novas.



O artista

Ricardo Lorente nasceu em São Paulo, no ano de 1966. Formou-se técnico de publicidade e propaganda (1984/86). Trabalhou no Departamento de Ilustração e Criação da MPM Publicidade e Propaganda.

Especializou-se na criação de logomarcas e dedicou-se a trabalhos fotográficos na área de publicidade. Em 1984 trabalhou como ilustrador na Jotaele Publicidades. Estagiou no Departamento de Relações Industriais da Volkswagen do Brasil.

Autodidata, passou a dedicar-se, a partir de 1986, à pintura a óleo e aquarela, experimentando ainda materiais os mais diversos. Ilustrou a capa do livro "Folhas soltas' de Kalime Gadia. Sua primeira exposição individual foi em 1987 no Espaço Cultural Chap Chap, seguindo-se uma série de mostras em várias cidades do interior de São Paulo.

Possui obras de arte em várias coleções particulares e oficiais no Brasil e no exterior, entre elas a do Museu de Arte do Parlamento de São Paulo.

alesp