Ato público denuncia a exclusão do negro no Brasil


13/05/2003 21:53

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Clique para ver a imagem " alt="Ato público "Retrato da Exclusão do Negro no Brasil" Clique para ver a imagem "> Deputados Mercelo Cândido, Maria lúcia Prandi, Nivaldo Santana e Sebastião Arcanjo <a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/hist/mesa6.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a>

DA REDAÇÃO

Promovido pelo deputado Nivaldo Santana (PCdoB), o ato público "Retrato da Exclusão do Negro no Brasil" foi realizado nesta terça-feira, 13 de maio, quando a abolição da escravatura completa 115 anos.

Mais de um século depois, a mídia constata que a condição do negro ainda beira a escravidão, uma vez que matéria publicada nesta terça-feira, pela Folha de S. Paulo, constata que os salários dos negros são, em média, 50% mais baixos que os recebidos pelos brancos. Esse quadro leva grupos de movimentos negros a afirmar que o 13 de maio é dia de luta, não de comemorações.

Segundo Nivaldo, esse é um dos indicadores econômicos e sociais que apontam a grande desigualdade da comunidade negra na sociedade brasileira. "Os negros têm menor escolaridade, empregos com menor qualificação e são a maioria entre os desempregados e isto é uma herança da escravidão, agravada por uma situação de preconceito e discriminação que ainda existe no país."

Para o deputado, a reversão desse quadro só será possível com dois componentes básicos: a luta pela igualdade social e as políticas afirmativas.

Esteve presente Simone Diniz, vítima de racismo, que teve a denúncia contra um anúncio de um grande jornal levada à Corte Interamericana de Direitos Humanos da OEA. O classificado solicitava uma empregada doméstica, 'preferencialmente de cor branca'. Ao ligar para a contratante Aparecida Gisele e informar que era negra, Simone foi dispensada sob a alegação de que o critério cor da pele era importante.

Também participaram do evento os deputados do PT e do PSDB, os convidados Hélio Santos, Maria da Penha Guimarães, da Comissão do Negro - OAB/SP, e Maria Dirce Pinho (Dida) do movimento "Fala Preta!" e representantes dos movimentos União de Negros pela Igualdade (Unegro), Comissão do Negro e de Assuntos Antidiscriminatórios da OAB/SP, do Departamento Jurídico do Instituto do Negro Padre Batista e do Grupo de Negros e Políticas Públicas da Assembléia paulista.

Após o ato, foi distribuído material que contava com cópias de artigos sobre o retrato do negro no país, um livrete da II Mostra de Cultura Afro-Brasileira e letras de músicas sobre racismo (confira a que destacamos no box).

BOX

A carne

(Marcelo Yuka, Seu Jorge e Wilson Cappellete)

A carne mais barata do mercado

É a carne negra

A carne mais barata do mercado

É a carne negra

Que fez e faz história

Segurando este País no braço (meu irmão)

O gado aqui não se sente revoltado

Porque o revólver já está engatilhado

E o vingador é lento

Mas muito bem intencionado

E esse País vai deixando todo mundo preto

E o cabelo esticado

Mas mesmo assim ainda guardo o direito

De algum antepassado da cor

Brigar, sutilmente, por respeito

Brigar, brancamente, por respeito

Brigar por justiça e respeito

De algum antepassado da cor

Brigar.

alesp