Avança discussão sobre capacidade dos estádios de futebol


17/06/2011 19:17

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Demarchi (ao centro), coordenador da frente, na audiência na Câmara de Rio Claro<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/06-2011/DEMARCHIfrenteRIOclaroZ.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a>

A primeira audiência pública regional da Frente Parlamentar em Defesa da Revisão do Número Mínimo de Lugares nos Estádios de Futebol foi realizada nesta sexta-feira, 17/6, no salão nobre da Câmara Municipal de Rio Claro. Durante mais de duas horas, os deputados Aldo Demarchi (DEM), Antônio Mentor (PT), Roberto Morais (PPS) e Vitor Sapienza (PPS) discutiram com dirigentes de clubes de futebol, vereadores, representantes de prefeituras e imprensa as exigências contidas no artigo 33 do Regulamento Geral das Competições da Federação Paulista de Futebol (FPF), que fixa em pelo menos 15 mil os assentos ofertados pelos times inscritos nas séries A1 e A2, 10 mil na série A3 e 5 mil na segunda divisão. "Ninguém pretende impor nada à federação, mas existe praticamente um consenso de que a regra sobre a capacidade dos estádios estabelecida há décadas precisa ser revista. A quantidade de lugares é menos importante do que, por exemplo, o conforto e a segurança dos torcedores", complementou o deputado.

Depois de agradecer aos convidados pela presença, Demarchi passou a palavra ao deputado Antônio Mentor, que destacou a importância de se colocar em discussão temas de interesse da sociedade. "Normas são estabelecidas a partir de determinada situação. Agora, precisamos ver se precisam ou não ser mudadas. Será que funcionam? Estão indo bem?", questionou Mentor ao apoiar o movimento que propõe a readequação do regulamento da FPF à nova realidade do futebol.

Para o deputado Roberto Morais, já está mais do que provado que os clubes menores não têm condição de cumprir o que a federação exige. "Conforme o Demarchi falou, não é nada contra a federação, mas a favor dos times do Interior", ressaltou o deputado, que tem base eleitoral em Piracicaba, onde o XV de Novembro acaba de conseguir o acesso para a série A-1 do Campeonato Paulista. "Nosso estádio tem capacidade para 26 mil torcedores, mas a federação liberou para 18 mil. A média de público, porém, foi de 6 mil ingressos vendidos", informou Morais ao comentar a participação do XV na última competição da série A-1. O estádio Barão de Serra Negra, segundo ele, será reformado para melhoria dos banheiros e colocação de cadeiras, num investimento de R$ 2 milhões.

Vitor Sapienza, por sua vez, elogiou a iniciativa de Demarchi e disse que o problema do número mínimo de lugares "é fácil de se resolver". Na opinião de Sapienza, "a época romântica do futebol acabou e a globalização é uma realidade". Ele disse ainda que hoje as pessoas estão mais interessadas nos jogos de times europeus como Real Madrid e Barcelona do que no Campeonato Paulista. "A média de público cai a cada ano e temos partidas com cerca de 40 pessoas", afirmou. "Tenho certeza de que o Marco Polo Del Nero (presidente da FPF) deve estar mais do que sensível à necessidade de mudança", avaliou Vitor Sapienza.

Na sequência, o vereador Sérgio Desiderá (PT), autor do requerimento aprovado em abril pela Câmara de Rio Claro e que motivou o deputado Demarchi a propor a frente parlamentar, disse que "a Prefeitura gastou quase R$ 400 mil para adequar os estádios do Rio Claro Futebol Clube e do Velo Clube ao número mínimo de lugares que a federação exige. Esse dinheiro poderia ser aplicado no esporte amador, em modalidades como o boxe, tênis, basquete, entre outros".

O secretário de Esportes de Rio Claro, Reginaldo Breda, considera fundamental que mesmo os clubes cujos estádios atendam às exigências da FPF votem a favor da alteração no regulamento. "Nós temos dois estádios que precisam ser reformados e enfrentamos dificuldades. Faltam apoio financeiro e patrocínios, o que impede a realização de obras para oferecer maior conforto ao público e à imprensa", acrescentou Breda. Ele pediu que a carga de ingressos seja compatível com os lugares disponíveis atualmente e que, na pior das hipóteses, seja dado um prazo de adequação aos clubes que não possuem infraestrutura compatível às regras estabelecidas pela federação.

Todos esses argumentos, no entanto, ainda não sensibilizaram a FPF. Isso ficou evidente no discurso do coronel Isidro Suíta Martinez, vice-presidente de Competições da FPF. "É um tema complexo, uma vez que a redução do número mínimo de lugares inviabilizaria as competições", disse o coronel, sob a alegação de que "existe uma fila de espera de clubes em busca de filiação". Como consolo, Martinez anunciou que o presidente da FPF, Marco Polo Del Nero, decidiu permitir o uso de arquibancadas tubulares até 2014. Isso contraria determinação da Fifa, que pretende banir as tubulares a partir de 2012.

"Essa posição é incoerente", reagiu o deputado Vitor Sapienza. "A FPF desobedece uma determinação da Fifa, mas não admite mudar um regulamento ultrapassado. A federação precisa acordar. Se as coisas mudaram, vamos mudar a lei", asseverou Sapienza no encerramento da audiência pública.

Além dos citados, compuseram a mesa o prefeito de Santa Gertrudes, João Vitte, o presidente da Câmara de Américo Brasiliense, Cidão da Fonteri, o comandante do 37º Batalhão de Polícia Militar do Interior, tenente-coronel Armando César Guilherme, e o tenente Kleber Moura, que comanda o Corpo de Bombeiros em Rio Claro. Também participaram do evento o presidente da Câmara, Valdir Andreeta, e os vereadores José Pereira dos Santos, Julinho Lopes, Juninho da Padaria e Ricardo Campeão.



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