Paulínia tem novos casos de contaminação ambiental

Visita ao local apurou depoimentos sobre a existência de árvores mortas e de culturas impróprias para o consumo (fotos)
30/08/2001 20:55

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DA REDAÇÃO

A Comissão de Defesa do Meio Ambiente realizou nesta quinta-feira, 30/8, sob a presidência do deputado Rodolfo Costa e Silva (PSDB), audiência pública para debater o problema da contaminação das áreas próximas à empresa Nutriplant, no município de Paulínia.

O presidente da Comissão visitou o local e apurou depoimentos sobre a existência de árvores mortas e de culturas impróprias para o consumo, além da contaminação de água, ar, animais e moradores.

Emerson Santos, presidente da Câmara Municipal de Paulínia, disse que o povo daquela cidade está cansado de tantos problemas ambientais envolvendo o município. "Não queremos que empresas deixem as cidades, queremos progresso para Paulínia. Mas também não podemos abrir mão da qualidade de vida. Apelo a Nutriplant que realize o armazenamento correto de sua matéria prima química e que promova os exames laboratoriais necessários para a população vizinha."

O deputado Wagner Lino (PT) lembrou que o trabalho da Comissão é fundamental para a elucidação de casos de contaminação como o da Shell. "O maior problema para solucionar essas questões é que as empresas são muito poderosas e acabam impedindo providências. A própria Shell se recusou a bancar os exames nos moradores afetados."

Segundo o advogado dos moradores, Waldir Freitas, a contaminação já ocorre há cerca de 10 anos. "Finalmente a população se conscientizou e se mobilizou apesar das ameaças feitas pela empresa contra os moradores, os médicos, os advogados e as autoridades municipais envolvidos no caso."

Freitas explicou que laudos constataram a presença, no solo, de zinco, cobre e manganês, dentre outros elementos químicos. "Desde 1986 a Nutriplant já sofreu cerca de 17 autuações da Cetesb e agora o promotor Hélio Lopes ofereceu denúncia contra a empresa."

A Nutriplant contou com a argumentação do advogado Nei Gaspar. Ele afirmou que é preciso um levantamento mais apurado para que se comprove algo contra a empresa. "Entre a visita e a publicação do laudo do promotor se passou um ano e algo pode ter mudado. Testes mostram a contaminação nas folhas das árvores e não nos frutos."

Rodolfo Costa e Silva destacou que os laudos são preocupantes e que a Cetesb é muito criticada apesar de ter participação importante na solução de muitos casos. "A competência técnica da Cetesb não pode ser confundida com falta de recursos por parte da empresa."

No que se refere a Nutriplant, o presidente afirmou que a saúde das pessoas é mais importante que garantir a permanência de empresas e a geração de empregos em Paulínia.

"Se a Cetesb lavrou multas é porque algo está errado, mesmo porque a prefeitura fechou poços próximos a Nutriplant. O problema é que, enquanto se avalia o caso, a população continua comendo os frutos e vegetais da região", destacou Rodolfo Costa e Silva.

Luiz Leão, representante da Cetesb, declarou que a análise de poços feita pela companhia constatou a presença de alumínio, ferro, sulfato e boro. "A multa teve base legal."

O diretor da Nutriplant, Milton de Souza, contestou todos os laudos e acusações. "Falta nexo de causa, ninguém prova que os resíduos eram provenientes de nossas empresas e além disso os sitiantes diminuíram a produção porque estão perdendo a vocação agrícola."

As explanações terminaram com a fala de Everson Mischatti, da Associação dos Moradores, que apenas protestou contra a posição da empresa que não confia nos laudos e que insiste em afirmar que os sitiantes não sabem plantar.

Por solicitação do deputado Wagner Lino (PT), os demais membros da Comissão visitarão a Nutriplant e a vizinhança para checar os problemas e avaliar as providências a fim de solucioná-los.

A próxima reunião da Comissão acontece no próximo dia 5/9.

alesp