Assembléia debate racionamento de água

Comissão de Serviços e Obras Públicas promoveu debate sobre o racionamento proposto pela Sabesp com a presença do secretário Mauro Arce
21/10/2003 21:44

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Dalmo Nogueira Filho, Mauro Arce e deputado Sebastião Arcanjo, presidente da Comissão de Serviços e Obras Públicas <a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/hist/OPublicas211003.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Reunião da Comissão de Serviços e Obras Públicas<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/hist/OPublicasB211003.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Mauro Arce, secretário de Recursos Hídricos <a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/hist/OPublicasA211003.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a>

DA REDAÇÃO

"A duração do racionamento imposto pela Sabesp vai depender das chuvas e da redução do consumo", declarou o secretário de Recursos Hídricos, Mauro Arce, na reunião promovida pela Comissão de Serviços e Obras Públicas, presidida pelo deputado Sebastião Arcanjo (PT), para debater questões ligadas à escassez e interrupção no fornecimento de água e a política de abastecimento no Estado.

Usar de modo mais racional a água é uma das soluções propostas pelo secretário, que citou o exemplo de empresas públicas que conseguiram reduzir seu consumo. "A Assembléia Legislativa é um dos casos. Depois que aderiu ao Plano de Uso Racional da Água (Pura), houve uma redução de 60% no consumo", falou, avaliando que "a agua é um bem muito precioso e deve ser usada racionalmente".

Coube ao presidente da Sabesp, Dalmo Nogueira Filho, explicar os motivos do racionamento imposto aos municípios (veja relação abaixo) abastecidos pelo sistema Alto Cotia, totalizando 440 mil moradores que terão 36 horas com abastecimento normal e 36, sem água. Segundo o presidente, o maior problema é a estiagem. "O Alto Tietê é uma represa pequena que acaba sendo muito afetada por períodos de seca e seu nível de água, hoje, encontra-se abaixo da média histórica, o que nos obriga a entrar em um esquema de racionamento", declarou, ressalvando, entretanto, que é o único manancial totalmente preservado, o que facilita seu reabastecimento se a estação das chuvas se regularizar.

Segundo Nogueira, a empresa tem uma preocupação constante com o aumento da produção de água. "O Plano Metropolitano de Água prevê investimentos da ordem de 58 milhões de reais em 2003 e 2004, elevando-se para 600 milhões entre 2005 e 2007. Todo esse recurso será usado para aumentar a produção de água", declarou. E acrescentou: "A Sabesp conta com recursos próprios, além de obter facilmente, devido à boa gestão da empresa, linhas de financiamento junto a organismos financeiros internacionais".

Além das campanhas educativas alertando a população para o uso racional da água, a Sabesp tem trabalhado na redução da demanda, lutando para diminuir os vazamentos e buscando melhor qualidade dos materiais e da mão-de-obra. As perdas chegam a 30%. "A população tem cooperado com essa situação de crise que estamos vivendo e tem economizado água", ponderou.

Para ele, "é importante fazer com que o Sistema Cantareira, atualmente responsável por 50% do abastecimento da população da Região Metropolitana de São Paulo, deixe de ser a base do sistema para se tornar uma reserva estratégica".

Rodizio: situação recorrente

O deputado Nivaldo Santana (PCdoB) reagiu à explanação de Nogueira dizendo que "pela exposição feita parece que a população deve estar preparada para uma nova situação de rodízio no fornecimento da água, constituindo uma situação recorrente, apesar de a Sabesp, em documento oficial datado de setembro de 1998, ter afirmado que nunca mais haveria rodízio em São Paulo".

Inquirido pelo deputado Rodolfo Costa e Silva (PSDB) sobre os recursos e financiamentos da empresa, Nogueira reclamou dos poucos repasses federais para o saneamento paulista, que espera receber, no próximo ano, 400 milhões de reais dos recursos do FGTS alocados pela Caixa Econômica Federal. "É um absurdo que recursos sejam desviados do saneamento", opinou, informando, ainda, que existem várias ações na Justiça contra os municípios do ABC, Guarulhos e São Paulo, que devem à empresa cerca de 1 bilhão e 800 milhões de reais. "É dinheiro tirado do saneamento que acaba atrasando obras da empresa", finalizou.

Também estiveram presentes à reunião o superintendente do Departamento de Águas e Energia Elétrica, Ricardo Daruiz Borsari, diversos deputados estaduais e representantes de sindicatos ligados ao setor do saneamento.

Municípios que serão afetados pelo racionamento:

Cotia, Embu-Guaçu, Itapecerica da Serra e Vargem Grande Paulista. O município de Embu (das Artes) também entra no racionamento, mas terá o abastecimento garantido em seu centro histórico, de 8h às 18h, nos finais de semana, devido ao grande fluxo de turistas que acorrem à cidade.

alesp