Guerra no Brasil: a dos acidentes

Opinião
22/09/2005 16:33

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Afanasio Jazadji<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/03-2008/afanasio.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a>

Vamos imaginar o Estádio do Morumbi, um dos maiores do mundo, quase lotado, com 68 mil pessoas. Esse total corresponde à população de uma cidade média do Interior de São Paulo, como a tranqüila e progressista Pirassununga, por exemplo. Vamos agora imaginar a metade do estádio lotado ou a metade da população daquela cidade: 34 mil pessoas. Para completar, imaginemos a proporção da tragédia que teríamos se, em apenas um ano, todas essas pessoas desaparecessem. Pois essa tragédia ocorre no Brasil a cada ano e se repete: 34 mil pessoas morrem e 350 mil ficam feridas em acidentes de trânsito ocorridos em 12 meses nas ruas e estradas do país.

Acidentes acontecem, na maioria, por falha humana. Infelizmente, os motoristas e pedestres brasileiros são descuidados. E uma expressiva parcela dos acidentes está ligada ao consumo de bebidas alcoólicas. Pesquisa da Fundação Seade diz que três cidades paulistas têm elevado número de mortes decorrentes do vício de beber. Em primeiro lugar surge Ribeirão Preto, com 44,3 mortes em cada 100 mil habitantes. Depois vem Marília, com 29,7 mortes por 100 mil. Bauru, em terceiro lugar, registra 29,2 mortes.

Convém ressaltar que esses números se referem apenas a mortes em conseqüência de doenças contraídas por meio do alcoolismo, como câncer, enfarte e derrame cerebral. Temos de somar a tais índices um outro fator: mortes por acidentes com motoristas e pedestres que abusaram do consumo de álcool. Isto é pior do que uma guerra!

A intervenção dos Estados Unidos e de países aliados no Iraque, que persiste há mais de três anos, já levou à morte mais de 1.900 soldados americanos, além de centenas de britânicos, italianos, espanhóis e cidadãos de outras nacionalidades. Esse conflito tem sido mesmo terrível, assim como os choques entre israelenses e palestinos, no Oriente Médio. Na Rússia, o povo é obrigado a conviver com outro choque interminável: entre os rebeldes da Chechênia, que buscam a autonomia da região, e os soldados russos. Já na África, persistem guerras internas na Libéria e no Congo. Até a América não está livre de conflitos, a ponto de o Brasil integrar a tropa da paz no Haiti, pequeno e agitado país do Caribe.

O noticiário internacional, portanto, apresenta a cada dia uma infinidade de mortes nessas guerras. Tudo isso sem se falar nos tsunamis, nos furacões, nos terremotos e nos vulcões. E nós, por aqui, poderíamos tirar uma conclusão errônea: a de que o Brasil está livre de tragédias. Na verdade, não bastassem as mortes de vítimas da criminalidade, registramos a cada ano 34 mil mortes no trânsito, o que significa 82 mortes por dia. É como se caísse um grande avião por dia, no País.

O pior é que as autoridades se preocupam em instalar radares nas estradas e câmeras nas ruas, em busca do dinheiro de multas, mas pouco tem sido feito no sentido de prevenir acidentes. Faltam campanhas educativas a respeito desse grave problema. É possível e necessário tornar o trânsito mais humano.

*Afanasio Jazadji é advogado, radialista e deputado estadual pelo PFL.

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