Miguel Arraes é sepultado em Pernambuco


15/08/2005 14:36

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Deputado federal Miguel Arraes<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/03-2008/arraes.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a>

O presidente nacional do Partido Socialista Brasileiro (PSB), deputado federal Miguel Arraes, faleceu no último sábado, 13 de agosto de 2005, aos 88 anos.

O corpo de Miguel Arraes foi sepultado no cemitério Santo Amaro, no Recife, no final da tarde de domingo, dia 14 de agosto, após ter sido velado na sede no governo do Estado de Pernambuco, "Palácio do Campo das Princesas". O presidente da República Luis Inácio Lula da Silva, que participou das últimas homenagens ao líder socialista, decretou luto nacional por três dias.

Miguel Arraes de Alencar nasceu em 15 de dezembro de 1916, em Araripe, Ceará, sendo o caçula, e único homem, entre os sete filhos de José Almino de Alencar e Silva e de Maria Benigna Arraes de Alencar, pequenos agricultores. Sua família tinha laços consangüíneos com o escritor José de Alencar e com o marechal Humberto de Alencar Castello Branco, presidente da República de 1964 a 1967.

Concluiu o curso secundário em 1932, na cidade do Crato, no Ceará. Em seguida, foi para o Rio de Janeiro estudar Direito. Com dificuldades para se manter na então Capital Federal, prestou concurso para o Instituto do Açúcar e do Álcool no Recife, Pernambuco, tornando-se, em 1933, escriturário do IAA. Empregado pode ingressar na Faculdade de Direito do Recife, formando-se em 1937.

Ascendendo no IAA, foi assistente do diretor de fiscalização, de 1938 a 1941; chefe de secretaria, entre 1941/1943, quando foi designado delegado regional em Pernambuco, pelo presidente do órgão, Barbosa Lima Sobrinho. Eleito este governador do Estado, Arraes foi nomeado secretário estadual da Fazenda, exercendo o cargo de 1948 até 1950, quando se afastou para concorrer ao cargo de deputado estadual pelo Partido Social Democrático (PSD), nas eleições de 3 de outubro de 1950, obtendo a primeira suplência com 2.210 votos, mas assumindo o mandato no legislativo estadual pernambucano.

Em 3 de outubro de 1954, foi candidato novamente à Assembléia Legislativa pernambucana, pelo Partido Social Trabalhista (PST), sendo eleito com 1.959 votos. Em 1958, tentou se reeleger deputado estadual, mas obteve apenas a 5ª suplência pela União Democrática Nacional (UDN) com 2.810 votos. Em 1959 foi nomeado mais uma vez, secretário de Estado da Fazenda, no governo de Cid Sampaio, e no ano seguinte concorreu e foi eleito ao cargo de prefeito da cidade do Recife, pelo Partido Social Trabalhista - PST.

Em 1962 se afastou da prefeitura para concorrer ao governo do Estado de Pernambuco, obtendo êxito no pleito, com o apoio da esquerda e do Partido Comunista Brasileiro (PCB), Miguel Arraes concorrendo pelo PST, conseguiu 264.499 votos, tendo como vice Paulo Guerra, nessa eleição realizada em 7 de outubro de 1962, derrotou os candidatos João Cleofas de Oliveira do Partido Republicano, que obteve 251.46 votos e Armando Monteiro Filho do Partido Republicano Trabalhista (PRT), com 36.340 votos.



Foco nas questões sociais

Realizou uma administração eminentemente popular, voltada para as questões sociais e pelo menos favorecidos. Foi responsável pelo "Acordo do Campo", uma negociação entre as ligas camponesas e os usineiros que estendeu o salário mínimo aos trabalhadores rurais. Mas não pode concluir o mandato em virtude do Golpe Militar de 31 de março de 1964, que o depôs. Foi preso, cassado e teve os seus direitos políticos suspensos por dez anos. Permanecendo quase um ano preso na Ilha de Fernando de Noronha, em 1965, por força de um "habeas corpus", concedido pelo Supremo Tribunal Federal (STF), partiu para o exílio na Argélia, onde permaneceu por 14 anos.

Em 1979, beneficiado pela Lei de Anistia regressou ao Brasil, filiando-se ao Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB), tornando-se seu segundo-vice-presidente da Executiva Nacional. Retomou sua vida política, sendo eleito deputado federal em 15 de novembro de 1982, o mais votado de todo o nordeste. Em 1986, elegeu-se, pelo PMDB, mais uma vez governador de Pernambuco. Em 1990 ingressou no Partido Socialista Brasileiro (PSB), do qual foi primeiro-vice-presidente, e seu presidente desde 1993. Nas eleições de 15 de novembro de 1990, foi novamente eleito deputado federal pelo PSB. Concorrendo pelo seu partido no pleito de 1994, voltou ao governo de Pernambuco pela terceira vez. Em 1998, concorreu à reeleição, mas foi derrotado pelo seu antigo aliado Jarbas Vasconcellos. Nas eleições de 2002, foi eleito mais uma vez deputado federal.

Em sua vida parlamentar participou de inúmeras comissões permanentes e de representação nos legislativos que serviu, além de ter sido homenageado com centenas de condecorações e títulos de organizações civis e militares. Deixou inúmeras obras publicadas.

Casou em 1945 com Célia de Souza Leão, que faleceu após 16 anos deixando oito filhos pequenos. Miguel Arraes casou pela segunda vez, em 1962, com Magdalena Fiúza, com quem teve mais dois filhos.

Era pai do economista José Almino e do diretor e produtor da TV Globo Miguel [Guel] Arraes Filho. Também era avô do ex-ministro da Ciência e Tecnologia e deputado federal Eduardo Campos (PSB-PE).

Os trabalhos do Plenário foram suspensos nesta segunda-feira, em homenagem à memória de Miguel Arraes.

alesp