CPI dos Cursos de Medicina ouve secretário estadual e Adib Jatene


02/02/2010 20:38

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Adib Jatene<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/02-2010/CPIMEDICINAadib jatene09ROB.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Parlamentares presentes na CPI dos Cursos de Medicina<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/02-2010/CPIMEDICINADEPSROB_7691.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Adib Jatene, Luiz Roberto Barradas Barata e Celso Giglio<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/02-2010/CPIMEDICINAadib jatene.sec barradas.dep giglio46ROB.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a>

Presidida pelo deputado Celso Giglio (PSDB), a Comissão Parlamentar de Inquérito constituída com a finalidade de investigar a proliferação dos cursos de Medicina, assim como os efeitos desse fenômeno sobre a qualidade dos serviços prestados, reuniu-se nesta terça-feira, 2/2, no plenário José Bonifácio, para ouvir o secretário estadual da Saúde, Luiz Roberto Barradas Barata, e o médico e ex-ministro da Saúde Adib Jatene. O secretário Barradas falou da expansão desmedida dos cursos de Medicina, o que vem recebendo críticas de diversos setores da sociedade. Apesar de, segundo Barradas, a área ser de competência do Conselho Federal de Educação, tornando a atuação estadual limitada, o governo de São Paulo também está preocupado com a qualificação do médico. "Estamos atuando em duas frentes: uma é a ampliação do número de vagas na residência médica, principalmente nas especialidades em que há carência de profissionais, como oncologia, anestesia, endoscopia e neonatologia, e a outra é a parceria com associações de classe, como a Associação Paulista de Medicina, no sentido de proporcionar aos médicos cursos de atualização profissional". Quanto ao exame de qualificação profissional, o secretário declarou-se favorável à medida nos seguintes termos: haveria exames no final dos 2º, 4º e 6º anos e uma nota mínima média nesses exames seria pré-requisito para a inscrição na residência médica.



Um escândalo



"Não somos contra a criação de cursos de Medicina; mas contra cursos que estão sendo criados", disse o médico Adib Jatene. Segundo ele, até a década de 1980 havia cerca de 80 faculdades de Medicina no país. De 1996 até agora, foram criadas mais 101 faculdades. "Isso em qualquer país seria um escândalo. Não há nação capaz de garantir instalações adequadas para tamanha demanda. Outros aspectos abordados por Jatene foram a formação inadequada do profissional; a brutal incorporação de tecnologia pela Medicina, criando um novo ator, representado pela indústria de equipamentos e pela consequente indução de uso desses equipamentos; a fragmentação da Medicina em especialidades, levando à fragmentação do corpo humano. Sobre os professores de Medicina afirmou que, em sua maioria, são especialistas, e segundo ele, é perda de tempo ensinar especialidades na graduação. "Os professores devem ensinar aos alunos o que é indispensável, o básico. O médico deve ser treinado para tratar emergências, por isso toda faculdade tem de ter um complexo médico-hospitalar. Atualmente os médicos são treinados para usar tecnologia; não sabem fazer um simples exame clínico. Diante desse panorama, ou o governo federal toma providências ou não sei o que vai acontecer com o ensino médico no país", acrescentou.

Questionado pelo deputado Luiz Carlos Gondim (PPS) porque não são aumentadas as vagas para residência, Barradas disse que São Paulo é o único Estado brasileiro que financia 70% das bolsas de residência, mas falta verba.

O relator da CPI, deputado Uebe Rezeck (PMDB), afirmou que uma saída inteligente para o problema da qualificação dos profissionais da área seria a criação de exames intermediários durante a graduação, impondo medidas restritivas às escolas com resultados abaixo do esperado. "Os exames forçariam a melhor preparação dos profissionais e a adequação das faculdades".

O presidente da comissão encerrou a reunião declarando que, apesar de a Educação no país ser de competência do governo federal, São Paulo quer dar seu exemplo de participação no debate, contribuindo para uma melhor reflexão sobre o problema.

alesp