Funcionários da Embraer, políticos, sindicalistas e estudantes fizeram nesta quarta-feira, 15/4, no auditório Franco Montoro da Assembleia Legislativa, um balanço dos resultados das privatizações e a falta de compromisso das empresas privatizadas com a manutenção do emprego, principalmente neste momento de crise econômica, e concluíram que o Brasil perdeu bem mais do que dinheiro quando privatizou empresas. Como disse Plínio de Arruda Sampaio, um dos oradores, o Brasil perdeu também um pouco de orgulho, um pouco de soberania e muito conhecimento. Plínio prevê que os engenheiros dispensados, entre os mais de 4 mil trabalhadores demitidos pela Embraer, conseguirão colocação na canadense Bombardier, principal concorrente da empresa brasileira ou, até, nas duas gigantes do setor, as americanas Boeing e Airbus. O deputado Raul Marcelo (PSOL), que falou em seguida, identificou uma crise profunda no regime capitalista que "não dá conta das demandas da sociedade brasileira, como manutenção do emprego", e propôs a mudança do regime político no Brasil. Marcelo garantiu, ainda, o apoio da bancada do PSOL à campanha da reestatização da Embraer, promovendo um debate sobre o tema a ser transmitido pela TV Alesp. Ao comentar o resultado das privatizações em São Paulo, Marcelo disse que a desculpa, na época, era o pagamento da dívida do Estado, que era de R$ 40 bilhões. "Foram privatizadas companhias aos montes, arrecadaram-se R$ 45 bilhões, e hoje a dívida é de R$ 140 bilhões". Sindicalistas como Vagner Gomes, da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), e Julio Turra, da Central Única dos Trabalhadores (CUT), declararam apoio à campanha de reestatização e readmissão dos demitidos da Embraer, e incluíram a Vale do Rio Doce e a campanha do "Pré-sal é nosso" num tripé que pretende avaliar "o apodrecimento do regime capitalista", como falou Turra, e discutir o dinheiro público que o governo "vem transferindo para o bolso dos capitalistas". Vagner Gomes lembrou que o governo Lula não ajudaria empresas que demitissem funcionários. "A Embraer recebeu recursos do BNDES e demitiu 4.272 pessoas e, pelo que se ouviu aqui, vai continuar recebendo recursos". Os sindicalistas cobraram maior coerência do governo e reclamaram dos "bilhões que estão indo para o bolso dos capitalistas e que, com certeza, farão falta no setor público". A audiência pública foi solicitada pelo deputado Pedro Antonio Bigardi, do PCdoB.