Presidente do senado japonês visita a Assembléia Legislativa

Chikage Ohgi é a primeira mulher a presidir a Câmara dos Conselheiros, criada há 60 anos
21/08/2006 20:42

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Chikage Ohg, presidente da Câmara dos Conselheiros do Japão<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/03-2008/com japa chikage ohgi07rob.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> A presidente da Câmara dos Conselheiros do Japão, Chikage Ohg, e comitiva de senadores são recebidos no Hall Monumental da Assembléia<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/03-2008/com japa 809rob.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a>

A Assembléia Legislativa recebeu nesta segunda-feira, 21/8, a presidente da Câmara dos Conselheiros do Japão (o senado daquele país), Chikage Ohgi, e uma comitiva composta de senadores dos diversos partidos que compõem o Legislativo japonês. Em 60 anos de existência da Câmara dos Conselheiros do Japão, criada após a 2ª Guerra, Chikage Ohgi é a primeira mulher a presidir aquela casa legislativa.

O presidente da Assembléia Legislativa, Rodrigo Garcia, recebeu os visitantes no Salão Nobre da Presidência, juntamente com um grupo de representantes da comunidade japonesa no Estado de São Paulo. Entre os convidados, estavam personalidades como Tieko Aoki, presidente da rede de hotéis Blue Tree, Virgínia Mabe, viúva do artista plástico Manabu Mabe, e Vitor Kobayashi, filho do ex-presidente da Assembléia Paulo Kobayashi, além de membros de diversos ramos de atividade cultural, social e econômica vinculados à comunidade nipônica paulista.

O presidente da Assembléia fez uma explanação sobre a organização política brasileira e abordou a realização de eleições neste ano. Falou sobre a composição do Parlamento paulista e suas competências. Agradeceu aos japoneses e seus descendentes a contribuição ao desenvolvimento e à cultura do Estado de São Paulo e do Brasil. O mais populoso Estado do país " com 40 milhões de habitantes ", São Paulo concentra mais de 1 milhão de brasileiros descendentes de japoneses e japoneses residentes, comunidade que chega a 1,5 milhão de pessoas no país, a maior do mundo fora do Japão.

Chikage Ohgi agradeceu a acolhida, especialmente pela presença de representantes da comunidade japonesa paulista. É a primeira vez que Chikage visita o Brasil como senadora, mas ela já esteve no país antes, há 26 anos, quando conheceu uma usina de produção de etanol, programa que se repetirá nesta visita. Segundo a senadora, entre o Brasil e o Japão há laços de amizade que se formaram durante a história e que vêm se fortalecendo com o tempo. "Agradeço e tenho orgulho dos mais de 1 milhão de descendentes de japoneses que vivem no Brasil. Tenho orgulho das pessoas que contribuíram com o desenvolvimento econômico deste país. Também tenho respeito por este país, por ter acolhido os imigrantes japoneses", disse a senadora.

2008, ano da cooperação Brasil-Japão

Os governos do Brasil e do Japão já firmaram acordo para considerar 2008 o ano da cooperação Brasil-Japão. Segundo Chikage Ohgi, este é mais um passo para fortalecer os laços de amizade entre os dois países, não só na área econômica como também na cultural, esportiva e outras. Empenhando o esforço do parlamento japonês, a senadora pediu o apoio do Legislativo paulista para o sucesso do evento. Rodrigo Garcia lembrou da participação da Assembléia Legislativa no comitê coordenador da comemoração dos 100 anos da imigração japonesa.

Tão longe, tão perto

Chikage Ohgi declarou-se impressionada não só com a produção de álcool etanol como também com o desenvolvimento da tecnologia na área de comunicações. O Brasil optou recentemente pela tecnologia digital japonesa para transmissão de sinal de TV: "Embora Japão e Brasil estejam longe, estão bem perto (em questão de tecnologia)", disse a senadora, que destacou também a necessidade de estreitar a colaboração entre os países nas questões críticas da água e do meio ambiente, que são os principais problemas do século 21.

A senadora foi condecorada com a Medalha da Ordem da Constituição, comenda concedida aos combatentes da Revolução de 1932 e a autoridades de diversos escalões e países. A cerimônia da visita encerrou-se com um convite ao presidente da Assembléia para que visite o Japão.



Governado pelo parlamento, o Japão é a mais antiga monarquia do mundo



O Japão é uma monarquia constitucional governada por um parlamento. É a mais antiga monarquia ininterrupta do mundo. De acordo com a Constituição japonesa, o imperador é o símbolo do Estado e da unidade do povo. Ele não possui poderes relacionados ao governo. O atual imperador, Akihito, subiu ao trono em 1989.

A Constituição do Japão, de 1947, baseia-se nos princípios da soberania popular, do respeito pelos direitos humanos e da defesa da paz. O país é um império que adota a democracia como sistema político. O governo é composto pelos poderes Legislativo (parlamento com câmara alta e câmara baixa), Judiciário e Executivo (gabinete do primeiro-ministro).

Todos os cidadãos japoneses adultos têm direito ao voto e a concorrer nas eleições nacionais e locais. Há seis grandes partidos políticos no país.

O Legislativo nacional japonês, chamado de Dieta, é constituído por duas câmaras: a Câmara dos Deputados e a Câmara dos Conselheiros. Os membros da Câmara dos Deputados são eleitos em eleições locais. A Câmara dos Conselheiros representa as províncias ou a nação como um todo. A maioria das leis nacionais deve passar pelas duas câmaras. Para algumas poucas espécies de leis, todavia, a decisão da Câmara dos Deputados é a acatada, caso não haja acordo entre as câmaras.

O primeiro-ministro é membro da Dieta e por ela é eleito. Ele nomeia o Gabinete. Cada membro do Gabinete dirige um dos ministérios do governo.

O governo nacional é responsável por assuntos que afetam todo o país. O Japão está dividido em 47 províncias. Cada uma delas elege seu próprio governo. Sob essas províncias, cada cidade, não importa o porte, elege seu governo. Cada província e governo local é responsável pelos problemas que lhe dizem respeito.

Relações entre o Brasil e o Japão

As relações diplomáticas entre os dois países foram estabelecidas em 1895, com o Tratado de Amizade, Comércio e Navegação. O primeiro grupo de imigrantes japoneses chegou ao Brasil em 1908, a bordo do navio "Kasato-maru". Em 2008, será comemorado o Centenário da Imigração Japonesa no Brasil.

Atualmente, cerca de 85 mil cidadãos japoneses residem no Brasil. Já o número estimado de cidadãos brasileiros com ascendência japonesa é de 1,4 milhão, a maioria residindo nos Estados de São Paulo, Paraná, Mato Grosso do Sul e Pará.

Cerca de 250 mil brasileiros vivem no Japão, a maioria nas províncias de Aichi, Shizuoka e Gunma. Os brasileiros formam a terceira maior comunidade estrangeira no Japão.

Comércio

Em 2005, as exportações brasileiras para o Japão atingiram US$ 3,48 bilhões, enquanto as importações de produtos japoneses chegaram a US$ 3,4 bilhões, o que dá um volume total de transações de US$ 6,88 bilhões.

As exportações brasileiras são encabeçadas pelo minério de ferro, alumínio, frango e café em grão. Já os principais produtos japoneses exportados para o Brasil são peças e acessórios para automóveis, tratores, motocicletas e aviões.

O Japão é o 5º maior fornecedor de São Paulo. Em 2004, o valor das importações de produtos japoneses pelo Estado foi de US$ 271 milhões (peças para automóveis, motocicletas, aviões e helicópteros, aparelhos mecânicos de medida e verificação e, entre os não-manufaturados, sementes de produtos hortícolas).

Em contrapartida, São Paulo exportou cerca de U$ 80 milhões para o Japão (entre os principais produtos exportados, estão suco de laranja, máquinas e aparelhos para terraplenagem e perfuração, café cru em grão e couros).

alesp