Acervo Artístico: Uma interessante revelação do subconsciente na remontagem artística de Roberto G. Crivellé

Emanuel von Lauenstein Massarani
08/03/2004 14:00

Compartilhar:

Clique para ver a imagem " alt="Escultura "Desencantos", Prêmio de Aquisição da Assembléia Legislativa e incluída no Acervo Artístico do Palácio 9 de Julho Clique para ver a imagem "> Roberto Gabriel Crivellé<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/hist/roberto crivele.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a>

Tinguely representou na escultura o fim do arcaísmo, pelo fato que introduziu o último arcaísmo possível, aquele da máquina destruída. Tendo o elemento movimento perdido seu valor espacial, o acento foi posto mais sobre a aparência do que sobre a essência.

Escandalizar e chocar eram da própria natureza mesma de Dada e do surrealismo. Em nossos dias existe a mesma provocação, pois o público está bem mais treinado na brincadeira e os artistas não necessitam lançar tantos desafios. Esse é também o caso de Roberto G. Crivellé, para quem a arte é um campo fértil para delirar, sonhar e trabalhar com o que aparece entre suas mãos do artista.

Descobrindo a poesia das coisas usadas colocadas ao "rebut" e dando-lhes um novo valor nas composições criadas, dois fenômenos aparecem: primeiramente, uma nova apresentação de objetos comerciais e industriais, onde o elemento criador se reduz a uma escolha interessante revelada do subconsciente e, segundo, a "assemblage" de objetos ou a montagem desses já reunidos, operação na qual o artista procede com sutileza e ou ironia.

Suas composições esculturais revelam uma extraordinária habilidade na manipulação dos materiais e a capacidade de intuir as potencialidades existentes na seleção de cada peça. Como na melhor tradição "dadaísta" o espaçamento sistemático perseguido pelo escultor continua também na escolha dos títulos de suas obras.

Os objetos originais são submetidos inicialmente por Roberto G. Crivellé a uma perda de identidade e, enfim, sem nome, representam o mundo das coisas banais a um tempo banidas pela estética. Grande parte dessa produção chegou perto da fronteira que a separa da criação plástica, sem tê-la ainda superado. Não é o caso da escultura "Desencantos", Prêmio de Aquisição da Assembléia Legislativa e incluída no Acervo Artístico do Palácio 9 de Julho, cujo aspecto evidencia o real elaborado com absoluta criatividade.

O Artista

Roberto Gabriel Crivellé, nasceu na cidade de Barcelona, Espanha, em 1936, onde freqüentou diversas escolas artísticas. Na infância, aprendeu desenho e pintura com seu pai. Em 1954, formou-se mestre em Joalheria Artística pela Escola de Ofícios Artísticos da capital catalã, Barcelona. No ano de 1960, mudou-se para o Brasil, radicando-se em São Paulo, onde passou a se dedicar a esculturas metálicas.

Possui uma extensa e significativa apresentação artística de exposições e prêmios, participando de diversos salões oficiais, notadamente no Salão Paulista de Belas Artes (2003), onde recebeu a Grande Medalha de Ouro e o premio de Aquisição da Assembléia Legislativa.

A partir de 1972 participou de importantes exposições coletivas e, e depois de 1979 passou a expor individualmente em todo o País, destacando-se entre outras do: Panorama de Arte Atual Brasileira (1978); Museu de Arte Moderna de São Paulo; 1º Encontro Nacional de Escultores, Penápolis, SP; "Cem anos de escultura no Brasil", Museu de Artes de São Paulo (1982); 50º, 52º e 54º Salão Paulista de Belas Artes, SP (1988, 2001 e 2003).

Criou e executou a escultura do Prêmio Miguel de Cervantes, concurso literário patrocinado pela Embaixada da Espanha no Brasil. Suas obras constam em Acervos de Pinacotecas e Museus brasileiros, além de inúmeras coleções particulares, nacionais e estrangeiras.

alesp