A mitologia dos seres irreais da escultora Pita Hirs

EMANUEL VON LAUENSTEIN MASSARANI
03/10/2002 15:00

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O figurativo permanece a matriz insubstituível da linguagem plástica de Pita Hirs. A artista apresenta uma decisiva vontade de libertar-se do narrativo, para assegurar às formas um valor a elas intrínseco.

Os últimos resultados de sua busca constituem a coerência de sua ação. Parece-nos que, desde o início, a artista evitou as pressões externas dos modismos, as tentações em direção a aventuras, para empenhar-se rumo ao um conceito próprio do fato plástico: fazer da escultura um organismo potencial da participação humana.

A exemplo de todo artista respeitoso da tradição, Pita Hirs esculpe na pedra ou no mármore, molda com resinas e pó de mármore, e ainda modela para fundir em bronze, a fim de definir a obra dentro de um sistema de volumes variavelmente articulados nas suas relações espaciais e vinculadas a uma série de superfícies disformes de extrema finura, prontas a acolher o fluir da luz, e em virtude dessa, dar vida à própria escultura.

Esse sistema de volumes, que o antigo discurso reabsorve e elimina, faz com que a obra se situe no espaço em razão dos próprios valores estruturados sem todavia desaparecer, mas potencializando aquela motivação "humana" de que o artista não pode abdicar e que constitui, por conseqüência, o início do ato criativo.

Misto de fantástico, mistério e ocultismo, "O Grito", obra em resina e mármore, oferecida ao Acervo Artístico do Palácio 9 de Julho pela escultora Pita Hirs, bem representa a libertação da artista de uma realidade cotidiana convencional.

E o resultado dessas formas irreais, de temperamentos diferenciados que surgem através de técnicas e materiais diversificados, estimula o tato do observador e o convida a uma busca arqueológica de nosso passado longínquo, bem próximo de seres mitológicos da cultura africana.

A Artista

Pita Hirs nasceu em São Paulo. Diplomou-se em Artes Plásticas pela FAAP - Faculdade Armando Álvares Penteado, tendo estudado com Nicolas Vlavianos, Carlos Árias e Juliana Pedrazza. Em 1974 e 1976, foi monitora da Bienal de São Paulo.

A partir de 1978, participou de diversas exposições coletivas, destacando-se: Jovens Artistas, Oficina de Gravura, São Paulo (1978); 1ª Exposição Contemporânea de Santo André (1979); IV Expo-Oficial, Matão (1979); 2ª Exposição Contemporânea de Santo André (1980); Galeria Pindorama (1981); Exposição MIS - Museu da Imagem e do Som (1982); IV SAPE, 1º Prêmio, Prefeitura Itú (1983); Ano Zero, FAU - Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, São Paulo (1983); Equus, Tenda Galeria, São Paulo (1984); Expo Sul, CPAM 2 Transbrasil, São Paulo (1985); Bunkyo Expo, Fundação Bunkyo, São Paulo (1986); Abstrações, Galeria Blue Life, São Paulo (1990); Preto e Branco Vila D´Arte Galeria, São Paulo (1991); Exposição de 20 anos da Múltipla Galeria de Arte, São Paulo (1992); A Escultura ao Alcance de Todos III, Fundação Mokiti Okada, São Paulo (1992); A Escultura ao Alcance de Todos IV, Fundação Mokiti Okada, São Paulo (1993); Arte da Paz, Fundação Mokiti Okada, São Paulo (1994); XVII Leilão, Salão B´nei B´rith, São Paulo (1995); Futebol em Arte, Galeria de Arte André, São Paulo (1998); Mulheres do Terceiro Milênio, Galeria de Arte André, São Paulo (2000).

Realizou exposições individuais, no Múltipla Galeria de Arte, São Paulo (1989); Sculptures BACI - Instituto Cultural Brasil - Estados Unidos, Washington, USA (1991); Galeria Lucia Dantas no Espaço de Artes, São Paulo (1992); Galeria de Arte André, São Paulo (1995); "Cara a Cara", Nova André Galeria, São Paulo (2002).

Uma escultura de sua autoria, intitulada "Homenagem à Forma" e realizada em concreto, encontra-se instalada na Praça Luiz Carlos Paraná, esquina com a Av. Brigadeiro Faria Lima, em São Paulo.

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