Em razão de sua expressão histórica e de resistência, a data da morte de Zumbi dos Palmares, ocorrida a 20 de novembro de 1665, foi adotada no Brasil como o Dia Nacional da Consciência Negra e dedicado à reflexão sobre a inserção do negro na sociedade multirracial brasileira.

Vale relembrar que durante cem anos, entre 1595 e 1695, o Quilombo dos Palmares constituiu um foco de resistência às investidas da Coroa Portuguesa. O Quilombo conseguiu ter uma vida social extremamente organizada e, segundo os holandeses, chegou a contar em 1640 com quase 10 mil quilombolas.

Segundo historiadores da época era de interesse dos grandes proprietários de terras aniquilar Palmares, primeiro para tentar recuperar escravos e, depois, para evitar que, tendo a localidade como referência, os escravos tivessem maior motivação para fugas.

Associando-nos à data, reproduzimos nesta página algumas obras do acervo do Museu de Arte do Parlamento de São Paulo que enfocam aspectos do negro na visão artística de seus autores.

Mulher Flor - Kena - Da habilidade dessa escultora nascem, com simplicidade, figuras com potência dramática e anotações de clara veia narrativa, às vezes caricatural.

Sou negro, sou brasileiro - Walter Shinji - Uma luz misteriosa se faz presente em suas obras. Ele ilumina o percurso de sua vocação de ser sempre presente e fiel a si mesmo: trata-se de uma linearidade exemplar que nos convida a permanecer longe dos chamamentos alienantes ou de explosões contestatórias de violência.

Velho Caboclo do Sertão - Jorge Solyano - O artista sabe colher em seus personagens os aspectos mais sinceros e suas peculiaridades: tipos populares vultos e personagens do cotidiano emergem através de seu pincel com absoluta clareza e como símbolos de uma comunidade que tanto contribuiu e contribui para o nosso desenvolvimento e nossa miscigenação.

Baianas - Vera Ojuara - Sua pintura é viva, expressiva e permeada de um realismo sintético. Suas obras possuem um acentuado cromatismo e uma luminosidade vibrante. Seus personagens palpitam além dos limites do quadro, na vida e na consciência de quem as observa.

Negra Afro-brasileira - Eder Rocha - Sua pintura é minuciosa, cheia de luz, onde o sentimento poético da natureza e dos seres humanos constituem uma constante viva. Através das cores que desfrutam de possibilidades luminosas próprias sobressai à imagem de um ser sublime e envolvente.

Infância Brasileira - Luís Matos - O diálogo iniciado pelo pintor encontra uma temática aprofundada nos valores criativos que se manifestam na pureza da linguagem. Suas imagens não permanecem isoladas, porque unidas ao mistério ancestral através da transparência das figurações.

Detalhe do painel São Paulo " Rodrigues Coelho - No seu repertório pictórico, não falta a representação da figura humana envolvida num cenário paisagístico apropriado da terra paulista, com a presença de indígenas, negros e imigrantes. No olhar do pintor, nota-se sempre a solidez de um bandeirante das artes desbravando os caminhos da história.